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Morre Samuel Klein, fundador das Casas Bahia




RIO - Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, morreu aos 91 anos, comunicou ontem a Via Varejo. Ele foi vítima de insuficiência respiratória na madrugada desta quinta-feira. O empresário polonês naturalizado brasileiro estava internado há 15 dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu corpo está sendo velado no Cemitério Israelita, no Butantã, e será sepultado às 14h, em cerimônia fechada para amigos e parentes.

“Com seu espírito empreendedor, criou os alicerces sólidos de uma companhia e foi um dos principais colaboradores para o desenvolvimento do varejo brasileiro. Foi a visão e o pioneirismo de Samuel Klein na oferta de crédito às camadas populares da população que possibilitou a realização dos sonhos de milhões de famílias brasileiras”, informou a Via Varejo — grupo que reúne as varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, além da consultora CB Contact Center e a Bartira, uma das maiores fabricantes de móveis da América Latina — em nota que lamenta a morte de Klein.

No comunicado, o grupo afirma que "a melhor forma de honrarmos seu legado empreendedor é continuar crescendo e realizando os sonhos de nossos clientes e colaboradores" e expressa o pesar e o agradecimento ao empresário pela sua contribuição ao setor.

Todas as lojas da rede farão um minuto de silêncio às 14h desta quinta-feira em homenagem ao fundador do grupo.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, lamentou o falecimento de Klein. Segundo o executivo, líderes empresariais como Klein são fundamentais para a geração de riqueza e empregos no país:

— É de lamentar a perda de um líder empresarial desse porte. Ele desaparece num momento em que temos que valorizar as empresas que são o berço da constituição de riqueza no país. Sem as empresas, sejam elas micro, médias ou grandes, não existiria a geração de riqueza, renda e empregos no país.

De hábitos e aparência simples, costumava ser visto de camisa polo e sandália franciscana. De acordo com seu perfil no site da empresa, chegava a ser confundido com os clientes. Sua educação formal se limitou ao primário, hoje ensino fundamental.

PRISIONEIRO NAZISTA

Klein nasceu em 15 de novembro de 1923 em Lublin, na Polônia. Era o terceiro dos nove filhos de um carpinteiro judeu. Aos 19 anos, foi preso pelos nazistas e mandado com o pai para o campo de concentração de Maidanek, também na Polônia. Sua mãe e cinco irmãos mais novos foram para o campo de extermínio de Treblinka. Em 1944, aproveitou a distração dos guardas, fugiu a caminho da Alemanha, e ficou na Polônia até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em seguida foi para a cidade alemã de Munique em busca do pai. Lá, Klein vendia produtos para as tropas das forças aliadas. Em cinco anos, já com algum dinheiro, casou-se com a alemã Ana e tornou-se pai de Michael, o primeiro filho de outros três que nasceriam já no Brasil: Saul, Eva e Oscar (este já falecido).

Em 1951, Klein partiu para a América do Sul. Chegou primeiro à Bolívia, mas, devido à guerra civil, seguiu no ano seguinte para o Brasil. Passou pelo Rio de Janeiro, mas acabou se estabelecendo em São Caetano do Sul, no ABC paulista.

SEIS DÉCADAS DE VAREJO


“Quando alguém dizia que não podia pagar, Samuel logo lhe oferecia condições: ficar com o produto e pagar em prestações, tudo no crediário”, afirma o perfil do empresário no site das Casas Bahia.Com apenas US$ 6 mil, Klein comprou uma casa e uma charrete. E, com a ajuda de um amigo, comprou uma carteira de 200 clientes e roupas de cama, mesa e banho. Ia de porta em porta pelas ruas de São Caetano do Sul. Ana cuidava da contabilidade.

Em 1957, Klein comprou sua primeira loja, no centro de São Caetano do Sul, chamada de “Casa Bahia”. O nome homenageava os nordestinos que haviam se deslocado para a região em busca de vagas na indústria automobilística. Depois, começou a negociar móveis, colchões e outros itens, comprados a prestação.

— Cresci junto com o Brasil, não fiquei parado vendo o país crescer. Temos que amar o país em que vivemos — afirmou Klein.

Em 1964, as lojas começaram a vender eletrodomésticos e, em 1970, já com sete filiais e o mascote “Bahianinho”, foi criado o slogan “Dedicação total a você”. Começou o processo de expansão com abertura de unidades em São Paulo e Baixada Santista. A rede chegou ao Rio de Janeiro em 1995, ao adquirir a Garson.

Hoje, as Casas Bahia têm mais de 55 mil colaboradores em 620 lojas distribuídas por 17 estados brasileiros, além do Distrito Federal. A marca Casas Bahia foi avaliada em US$ 420 milhões e é considerada a sexta mais valiosa de varejo na América Latina e a segunda do Brasil, segundo a consultoria Interbrand.

Além de três filhos, Klein deixa também oito netos e cinco bisnetos.





Empresário de 91 anos foi vítima de insuficiência respiratória


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