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IGP usa técnica para reconstituir crânio da mãe de Bernardo em 3D

Técnica usada no RS é a mesma que 'recriou' rosto de Santo Antônio. Justiça determinou reabertura de inquérito sobre morte de Odilaine Uglione.

IGP tenta desvendar como foi a morte de Odilaine Boldrini (Foto: Divulgação/IGP)

Uma técnica inédita na criminalística do Rio Grande do Sul poderá ajudar a elucidar o caso da morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril de 2014. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) desenvolve uma técnica de reprodução em 3D do crânio de Odilaine, a partir de imagens obtidas com a exumação do corpo, com o objetivo de apontar, pela trajetória da bala que a matou, se ela se suicidou ou foi assassinada.

Mãe de Bernardo morreu em 2010 em Três Passos
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Odilaine foi encontrada morta em fevereiro de 2010 na clínica do então marido, o médico Leandro Boldrini, com um tiro de arma de fogo. Na época, a polícia concluiu que ela cometeu suicídio, mas perícias particulares feitas a pedido da família levantaram a suspeita de que ela possa ter sido assassinada.

O inquérito foi reaberto neste ano por determinação da Justiça, a pedido do Ministério Público, após a morte de Bernardo Boldrini chocar o país. Em 14 de abril de 2014, o corpo do menino de 11 anos foi encontrado enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, no Noroeste do estado, onde ele residia com a família. Leandro é réu no processo. Ele e outros três acusados de participar da morte da criança estão presos e aguardam julgamento por crimes como homicídio qualificado e ocultação de cadáver, entre outros.

Técnica revelou como era o rosto de Santo Antônio
(Foto: Creative Commons / Wikimedia)

O corpo de Odilaine foi exumado no último dia 11 em Santa Maria, na Região Central do estado, e encaminhado para análise no Departamento Médico Legal (DML), em Porto Alegre. A ideia de utilizar a técnica partiu do diretor-geral do IGP, Cleber Ricardo Teixeira Müller, após uma palestra com o designer Cicero Moraes, um dos responsáveis por um projeto que reconstituiu o rosto de Santo Antônio por meio de uma análise do crânio do santo.

"Ele deu uma palestra aos peritos, e eles começaram a estudar uma reconstrução de imagens em 3D. Nesse caso, como houve essa exumação, eu identifiquei a possibilidade de usarmos essa tecnologia para ajudar os peritos, porque a suspeita é se foi homicídio ou suicídio", explicou Müller.

A partir da reconstituição do crânio, será possível identificar a trajetória da bala. A defesa da mãe de Odilaine contesta o laudo da morte da mãe de Bernardo, afirmando que seria impossível que o projétil tivesse perfurado o palato (céu da boca) superior esquerdo, de baixo para cima, em direção à esquerda do crânio, como diz o documento. Para Müller, a dúvida poderá ser solucionada com a imagem do crânio.

Peritos realizam análises no caso da morte
de Odilaine Uglione (Foto: Divulgação/IGP)

"Tendo o ponto de entrada no crânio, fazemos o trajeto e a angulação. Isso vai auxiliar os peritos", explicou o diretor-geral do IGP, que afirma que este é o primeiro caso de uso da técnica na criminalística gaúcha. "Desconhecemos se algum outro estado já adotou esta técnica, de refazer o crânio em imagem de 3D. É uma coisa nova do Rio Grande do Sul", disse.

O IGP ainda realiza outros procedimentos para tentar elucidar o caso. Uma perícia é realizada na carta de suicídio encontrada na bolsa de Odilaine no dia do crime. O texto será comparado a outros manuscritos da mãe de Bernardo. Uma perícia particular contratada pela defesa da avó do menino morto no ano passado apontou que a carta de suicídio foi escrita por outra pessoa. Além disso, será realizado um exame em material genético encontrado sob as unhas da mulher. "O nosso convencimento será baseado em todas estas análises", disse Müller.

Nova versão
O MP pediu a reabertura do inquérito da morte de Odilaine à Justiça e justificou que os laudos particulares, confeccionados a pedido de Jussara Uglione, mãe da vítima, trazem novos fatos, imputando à secretária do consultório a confecção de uma carta suicida e colocando, inclusive, uma terceira pessoa dentro da sala de atendimento em que ocorreu o fato, onde, em tese, estariam apenas Leandro Boldrini e Odilaine Uglione.

Com o pedido de reabertura do inquérito, o MP encaminhou requisição de diversas diligências à polícia, em especial realização de perícia grafodocumentoscópica (quando se examina a grafia de um documento para avaliar autenticidade ou falsidade) na carta suicida, reprodução simulada dos fatos, depoimento de pessoas que estavam no consultório na data e horário do fato e que compareceram ao local depois e complementação de perícia já realizada, entre outras diligências.

Perito diz que letras são diferentes
A suposta carta suicida teria sido escrita em 9 de fevereiro de 2010. Conforme o advogado Marlon Taborda, que representa a mãe de Odilaine, perícia particulares contratadas por ele analisaram e compararam a grafia do texto.

Segundo peritos, a suposta carta suicida da enfermeira teria sido forjada, escrita por outra pessoa,como mostrou a reportagem do Fantástico. Ricardo Caires dos Santos, perito judicial em São Paulo há oito anos, fez um "exame grafotécnico" e comparou a letra e a assinatura com papéis que são comprovadamente escritos pela mãe de Bernardo.

“Não foi a dona Odilaine que escreveu. São dois punhos totalmente diferentes. Pessoas diferentes que assinaram”, afirmou o perito.

A assinatura que aparece na carta de suicídio também é diferente de assinaturas autênticas de Odilaine registradas em um contrato de locação, no diploma de auxiliar de enfermagem dela e em outro contrato de prestação de serviços.

Relembre o caso Bernardo
Caso Bernardo Boldrini Três Passos RS
(Foto: Reprodução/RBS TV)
- Bernardo Boldrini foi visto vivo pela última vez no dia 4 de abril de 2014 por um policial rodoviário. No início da tarde, Graciele foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

- Um vídeo divulgado em maio do ano passado mostra os últimos momentos de Bernardo. Ele aparece deixando a caminhonete da madrasta, Graciele Ugulini, e saindo com ela e com a assistente social Edelvânia Wirganovicz. Horas depois, as duas retornam sem Bernardo para o mesmo local.

- O corpo de Bernardo foi encontrado no dia 14 de abril de 2014, enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen.

- Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam dado o remédio que causou a morte do garoto e depois teriam recebido a ajuda de Evandro para enterrar o corpo. A denúncia do Ministério Público apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita. A defesa do pai nega.

- Em vídeo divulgado pela defesa de Edelvânia, ela muda sua versão sobre o crime. Nas imagens, ela aparece ao lado do advogado e diz que a criança morreu por causa do excesso de medicamentos dados pela madrasta. Na época em que ocorreram as prisões, Edelvânia havia dito à polícia que a morte se deu por uma injeção letal e que, em seguida, ela e a amiga Graciele jogaram soda cáustica sobre o corpo. A mulher ainda diz que o irmão, Evandro, é inocente.


Fonte - G1/RS

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