A distrital lembrou que na desocupação da orla do Paranoá, onde mora a classe rica de Brasília, todos os moradores do Lago Norte e do Lago Sul foram notificados, meses antes das operações acontecerem.
“Tanto é que os moradores tiveram a chance de recorrerem à justiça para garantir seus direitos outros se anteciparam por recuar da área ocupada. Mas isso não é o mesmo que vem acontecendo nos condomínios e nas comunidades mais pobres como na 26 de Setembro, no Por do Sol e no Sol Nascente ou em Vicente Pires onde a Agefis chega, invade casas, prende e derruba o imóvel”, disse.
A deputada após ver um vídeo sobre as invasões de casas feitas pela Agefis no condomínio Bougainville, classificou o ato como um “horror”. Ela lembrou que durante o Massacre da Chácara 200, em Vicente Pires, uma criança que havia retornado da escola para casa não conseguiu chegar aos seus pais e ficou perdida o dia inteiro em meio aos escombros de 25 casas demolidas pelos tratores. “Essa criança tinha o direito de ser protegida pela autoridade. Isso vem acontecendo em várias operações realizadas pelo Agefis”, ressaltou.
OPINÃO RADAR
Fala-se nos corredores da Câmara Legislativa que os deputados só tomam alguma posição em favor do povo se esse mesmo povo brandir raivosamente das galerias em dias de sessões. Na terça-feira (24), a galeria do plenário principal da Casa ficou lotada por moradores de condomínios revoltados com as invasões de domicílio, espancamentos e prisões dos que se negam a sair de dentro de suas próprias casas e consequentemente a derrubada ilegal de seus imóveis. Isso ocorreu no Bougainville, no Sol Nascente, em Vicente Pires, na Estrutural e na 26 de Setembro. É a lei do “invade, prende e arrebenta”.
Um requerimento da lavra do deputado Ricardo Vale (PT), presidente da Comissão dos Direitos Humanos, que pedia a convocação de Bruna Pinheiro para explicar por que a Agefis, órgão que dirige, vem cometendo crime de invasão a domicílio e crime contra a dignidade da pessoa humana, foi jogado de escanteio no meio de uma manobra sussurrada e imperceptível dentro do plenário.
O requerimento levado ao plenário pelo deputado chegou a ter apenas dez assinaturas a favor da convocação de Bruna, menos do que poderia ter para a sua aprovação. Aos poucos, o requerimento foi se desfigurando ate se tornar em um afável “convite” a ser feito a presidente da Agefis. O líder do governo, deputado Júlio Cesar foi o primeiro a ser contra e começou a pedir aos seus colegas, que possuem alguma coisa no governo, para declinar da convocação.
“Que tal ser um coinvite? Esse até eu apoio e garanto a presença da Bruna a esta Casa”, disse ele. O deputado não ver nada demais agentes públicos, sob o comando de Bruna Pinheiro, invadirem sem qualquer mandado de segurança o asilo inviolável do cidadão, garantido pelo artigo 5 da Constituição.
Pelo que foi acertado por suas “excelências” da Câmara Legislativa, Bruna Pinheiro irá comparecer no próximo dia 7 de dezembro, às 15 horas, com o direito de mentir e falar o que quiser. Vai ter também o direito de ser defendida. Tudo isso, graças à blindagem feita por uma instituição que, em tese, teria a obrigação de cobrar o cumprimento da lei e defender a dignidade da pessoa humana.
É por isso que a classe política segue cada vez mais desacreditada perante a uma população que paga caro para manter um legislativo que serve apenas para dizer amém. Que os senhores deputados provem ao contrário!
Da Redação Radar
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