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Vídeo mostra 'Don Juan' chegando a condomínio onde foi morto no DF

Imagens de área residencial mostram carro entrando por volta das 11h50. Ele é suspeito de enganar socialites; golpes podem ter rendido R$ 300 mil.

Um vídeo obtido pelo G1 mostra o carro em que foi encontrado morto o estelionatário Antônio Carlos Guimarães entrando em um condomínio no Distrito Federal duas horas antes de o crime ser descoberto. Guimarães, que era conhecido como o "Don Juan do Lago" porque seduzia e dava golpes em socialites, foi achado amordaçado no porta-malas do veículo com um tiro na perna, traumatismo craniano e diversos hematomas. Ele morreu no local.

A gravação mostra que o veículo chegou ao condomínio Novo Horizonte por volta das 11h50 desta segunda-feira (1º). Não há registro mostrando a saída do veículo. O condomínio Novo Horizonte tem 462 lotes e cerca de 500 moradores. A área residencial existe desde 1982.

Segundo ele, Guimarães entrou junto com o morador, dirigindo o carro. “O que a gente acredita é que quando o condômino quis se livrar do outro, querendo sair do condomínio, a vítima bateu no vidro do parta-malas e o assustou.

"De acordo com síndico do condomínio, foi um morador quem liberou a entrada para Guimarães. "Ele mora no Lago Sul, mas um condômino colocou ele para dentro e estavam os dois juntos no carro. Essa pessoa mora aqui há pelo menos quatro anos e não tem perfil violento", disse o síndico José Dário.

O síndico não identificou o suspeito de ter cometido o crime, alegando que ele não estava no local. O G1 não conseguiu acesso ao morador. De acordo com o síndico, o carro com o corpo foi encontrado dentro da área residencial, perto de algumas árvores.

Carro em que o 'Don Juan do Lago' foi encontrado morto (Foto: Gabriel Luiz/G1)

A Polícia Civil suspeita que a intenção do assassino do "Don Juan do Lago" não foi matá-lo. "Ele foi achado amarrado, como se aparentasse que eventualmente não queriam matá-lo", afirmou o delegado Marcelo Nunes, responsável pela investigação.

A polícia trabalha com a hipótese de uma das vítimas do estelionatário tenha sido o autor do crime. De acordo com o delegado, o "Don Juan do Lago" tinha uma ficha com 29 inquéritos policiais, a maior parte por estelionato, falsificação e receptação. Ele também tinha passagem por um homicídio, em 1990.

O corpo dele foi achado por vigilantes que faziam ronda pelo condomínio e viram que o porta-malas do veículo estava estilhaçado. Um bombeiro que mora no local foi chamado para socorrer a vítima.

O homem foi encontrado por volta das 14h e ainda apresentava sinais vitais. De acordo com os bombeiros, o sargento que mora no local começou a fazer massagem cardíaca na vítima e acionou apoio de colegas, mas a morte foi atestada cerca de 40 minutos depois. Uma aeronave da corporação chegou a se deslocar até o local com um médico, mas não conseguiu realizar o resgate a tempo.

Carro em que homem foi encontrado após sofrer agressões e tiros no Paranoá, no Distrito Federal (Foto: Corpo de Bombeiros/Reprodução)

Socialites seduzidas e enganadas
Guimarães foi preso quatro meses atrás depois de ser denunciado por vítimas dos golpes que praticava. Ele se aproximava das vítimas – geralmente mulheres bem-sucedidas de meia idade – por meio de ostentação em redes sociais. Ele postava fotos ao lado de carros de luxo e notas sobre supostas viagens ao exterior. Pelo menos oito mulheres dizem ter sido enganadas por ele.

De acordo com a polícia, o homem deu golpes que superavam R$ 300 mil. “Ele se relacionava com as mulheres e praticava estelionato em nome delas. Ou pegava dinheiro direto com as vítimas, ou fazia um empréstimo em nome delas e sumia. Ele conseguia esses dados porque elas se apaixonavam por ele”, disse o delegado Plácido Rocha na época da prisão.

Em rede social, suspeito aparece em foto dirigindo carro de luxo; segundo polícia, ostentação era falsa (Foto: Facebook/Reprodução)

A polícia acredita que o número de vítimas pode ser maior, mas muitas mulheres podem ter deixado de denunciar os crimes porque mantinham relação extraconjugal com Guimarães.

Autora da primeira denúncia à Polícia Civil, uma empresária de comunicação de 53 anos, que pediu para não ser identificada, disse que conhecia Guimarães havia três anos. Ela diz que só descobriu as “más intenções” quando ele sumiu com mais de R$ 10 mil depositados por ela.

"Saímos para almoçar e ele me ofereceu ajuda [para trocar o carro]. Eu já tinha depositado R$ 10,8 mil e ele pedia mais. Se tivesse pedido R$ 30 mil eu teria depositado. Ele se dizia empresário megamilionário, só comigo tinha 550 amigos em comum. Disse que namorou várias amigas minhas e todas do meu perfil. Viúvas ou divorciadas, classe alta, mais de 50 anos, algumas ainda casadas. Saímos para almoçar duas vezes, ele me assediando, paquerando. Não namorei, mas não deixa de ser uma pessoa que estava no meu perfil”, diz a empresária.

Informações em rede social mostram 'check-ins' em Miami, nos EUA; Polícia Civil diz que viagem nunca aconteceu (Foto: Facebook/Reprodução)

Durante as conversas, o suspeito disse que era dono de lojas de grife em shoppings e pediu que a mulher fizesse um plano de comunicação para ele, mas não chegou a fechar acordo. Há um mês, ele ofereceu ajuda para que ela financiasse a compra de um carro de luxo, estimado em R$ 200 mil.
Saímos para almoçar e ele me ofereceu ajuda [para trocar o carro]. Eu já tinha depositado R$ 10,8 mil e ele pedia mais. Se tivesse pedido R$ 30 mil, eu teria depositado "
Vítima

“Saímos para almoçar e ele me ofereceu essa ajuda, disse que eu precisava trocar o carro. Disse que ia sair por R$ 108 mil, mas depois me falou em 60 prestações de R$ 2.890, o que dá quase R$ 180 mil. Já tinha depositado R$ 10,8 mil e ele pedia mais. Se tivesse pedido R$ 30 mil, eu teria depositado”, diz a vítima.

O golpe só foi descoberto porque ele sumiu após o pedido de devolução do dinheiro. Ela conta que o ex-marido ligou de outro número, pediu explicações e foi xingado pelo suspeito. “Quem xinga outra pessoa assim é porque não está com boa intenção. Aí liguei para minhas amigas e a gente foi ligando os pontos”, diz.
Postagem de vítima em rede social, após prisão do suspeito nesta quarta (19) (Foto: Instagram/Reprodução)

Após a descoberta, a empresária diz que denunciou o caso nas redes sociais e recebeu mais de 40 mensagens de outras vítimas. “É o negócio dele. Seduzir, assediar, até porque ele é boa pinta, simpático. Ele é especializado, falou aqui que fez botox e plástica pra poder estar no nosso meio, puxar assunto com as mulheres”, afirma.
É o negócio dele. Seduzir, assediar, até porque ele é boa pinta, simpático. Ele é especializado, falou aqui que fez botox e plástica pra poder estar no nosso meio, puxar assunto com as mulheres"
Vítima

Como os perfis em redes sociais eram preenchidos com informações fantasiosas, a Polícia Civil não tinha conseguido levantar os bens comprados por Guimarães com o dinheiro dos golpes até a tarde desta quarta. A residência fixa do suspeito e o saldo das contas bancárias em nome dele também eram desconhecidos.

Os investigadores desconfiam da existência de vítimas em outros estados. "Ele tem uma filha em São Paulo, visita ela de vez em quando, então pode ser que tenha vítimas lá. Pode ter certeza que há muito mais vítimas do que a gente sabe até agora", afirma Rocha.

Fonte - G1/Distrito Federal

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