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GESTÃO DE MUITAS MUDANÇAS - Trocas no primeiro escalão marcam a metade inicial do governo Rollemberg

Nem metade dos escolhidos no início do mandato continuaram no cargo; governador avalia possível reforma nas secretarias em 2017

Por Helena Mader - Correio Braziliense 


O primeiro escalão do GDF, que tomou posse com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em 1º de janeiro de 2015, sofreu diversas mudanças em dois anos de gestão. Dos 25 que assumiram o posto no primeiro dia do governo, entre secretários e servidores com o mesmo status, só oito continuam nos cargos. Desde então, seis pastas foram extintas, duas foram criadas e muitos representantes da elite do Palácio do Buriti deixaram o cargo — por desentendimentos com o governador, por pressão da população ou em decorrência de questões políticas. Em entrevista recente ao Correio, Rollemberg afirmou que deve promover novas alterações em 2017. “É também momento de fazer uma avaliação política, secretaria por secretaria, para imprimir as mudanças necessárias para que o governo possa entregar mais à população de Brasília”, disse.

Uma das secretarias mais importantes da estrutura do Executivo foi a mais atingida pelo troca-troca do primeiro escalão: a saúde. As divergências sobre o ocupante da pasta começaram antes mesmo da posse de Rollemberg. Em 2014, durante a transição, o governador eleito anunciou o nome do médico Ivan Castelli, que confirmou presença na equipe do GDF, mas desistiu antes mesmo de ser empossado. Quem assumiu como chefe da saúde na posse coletiva do primeiro escalão, em janeiro de 2015, foi o médico João Batista de Sousa.

No entanto, sete meses depois, ele pediu exoneração do cargo. O consultor do Senado Fábio Gondim assumiu então a missão de melhorar a rede pública do Distrito Federal, com a promessa de promover um “choque de gestão”. Assim como o antecessor, ele só ficou sete meses no posto e deixou o governo por conta de divergências com o Palácio do Buriti. Rollemberg escolheu, então, o médico e advogado Humberto Lucena, que está no cargo desde março de 2016.

A segurança pública, outra área estratégica para Brasília, não teve continuidade de gestão nos últimos dois anos. O sociólogo Arthur Trindade, nomeado para o posto em janeiro de 2015, fazia uma gestão bem avaliada e com bons resultados — a taxa de homicídios caiu 14% no primeiro ano de gestão de Rollemberg. Em novembro de 2015, porém, ele pediu demissão depois de atritos com a Polícia Militar. Ao deixar o comando da pasta, expôs dificuldades do cargo e declarou que, na capital federal, “secretário de Segurança é a rainha da Inglaterra”.

Diante das dificuldades para escolher um novo nome para o cargo, a secretaria ficou sem titular oficial durante dois meses. A atual ocupante do posto, Márcia de Alencar, só foi anunciada em janeiro de 2016. Ao longo do último ano, o governador cogitou trocar o comando da segurança pública. O nome de Márcia de Alencar desagrada tanto integrantes da PM quanto da Polícia Civil. Rollemberg convidou o ex-secretário do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame para assumiu a chefia da pasta, mas ele recusou o convite.


Polêmica

Uma das substituições rumorosas no primeiro escalão do Palácio do Buriti ocorreu apenas seis meses depois da posse: Hélio Doyle, chefe da Casa Civil, pediu demissão em junho de 2015, pressionado por deputados distritais, como a então presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão. Doyle havia sido um dos principais colaboradores da campanha de Rollemberg e atuava como braço-direito do chefe do Executivo. Ele foi substituído por Sérgio Sampaio, que, assim como o antecessor, exerce liderança no governo, mas com um perfil mais discreto e menos combativo.

O novo chefe da Casa Civil é responsável pelas negociações salariais com servidores públicos e por discutir projetos prioritários para o GDF, como a contratação de organizações sociais para a saúde, por exemplo. Outra figura central do governo hoje é a secretária de Planejamento, Leany Lemos, uma das mais importantes colaboradoras de Rodrigo Rollemberg. Ela está no cargo desde a posse do governador e cresceu dentro do Executivo, ao centralizar os setores de gestão administrativa e de desburocratização, após a extinção da pasta.

Extinção

Essa é uma das sete secretarias que foram extintas ou fundidas em outubro de 2015, quando Rollemberg anunciou uma grande reestruturação do primeiro escalão. Na ocasião, as áreas de Trabalho e do Empreendedorismo e de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos se juntaram para formar uma supersecretaria, entregue ao deputado distrital Joe Valle (PDT). Depois de nove meses no primeiro escalão, o parlamentar voltou à Câmara Legislativa, mas indicou o sucessor: seu chefe de gabinete, Gutemberg Gomes, assumiu a pasta.

Na lista dos que tomaram posse em 1º de janeiro de 2015, três deixaram os cargos, mas foram remanejados na estrutura do GDF. Jaime Recena, que era secretário de Turismo, hoje é secretário-adjunto da área, que passou a ser vinculada à pasta de Esportes. O ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação Paulo Salles foi nomeado presidente da Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) após a extinção da pasta.

Já Marcos Dantas, que começou o governo como chefe de Relações Institucionais e Sociais do GDF, passou pelo comando da Secretaria de Mobilidade e, em setembro de 2016, foi nomeado chefe da recém-criada Secretaria de Cidades. A área de Comunicação Institucional e Interação Social também ganhou uma pasta, hoje chefiada pelo jornalista Luciano Suassuna. Quando Rollemberg tomou posse, o setor era subordinado à Casa Civil.

Entre os oito integrantes do primeiro escalão que continuam no mesmo cargo, além de Leany Lemos, estão o secretário de Educação, Júlio Gregório, e o chefe da Casa Militar, coronel Cláudio Ribas. Leila Barros comanda a área de Esportes desde o dia da posse, assim como Guilherme Reis, há dois anos à frente do setor cultural. Thiago de Andrade, da Gestão do Território e Habitação, e André Lima, da Secretaria de Meio Ambiente, também seguem no mesmo posto, assim como Arthur Bernardes, da cota do PSD, e José Guilherme Leal, indicado por Joe Valle — respectivamente secretários de Desenvolvimento Econômico e de Agricultura.

Para o economista José Matias-Pereira, especialista em finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), a descontinuidade gerada pelas trocas constantes no primeiro escalão comprometem a gestão. Segundo ele, as mudanças constantes têm um “efeito devastador” na administração pública. “Essas trocas sistemáticas são muito ruins. Em algumas áreas complexas, quando o secretário assume, ele leva seis meses, até um ano, para dominar a máquina”, comenta.

O especialista cita também a influência negativa das indicações políticas. Muitos dos secretários trocados desde janeiro de 2015 deixaram o cargo para dar espaço a aliados e, assim, facilitar a governança e as relações com a Câmara Legislativa. “Muitas das escolhas chegam contaminadas por indicações políticas. E essa é a pior coisa que pode ser feita em termos de gestão pública. Nesse modelo de coalizão, em que se entregam as secretarias de porteira fechada, a escolha não é feita pela competência ou pela ética, mas por indicação política”, acrescenta.


Fonte - Blog do Sombra

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