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OPINIÃO - O Brasil oficializa hoje um retrocesso de 20 anos

Teremos o mesmo presidente de duas décadas atrás. É a farsa que se repete como história. Esperemos nada. É o melhor que pode acontecer

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com o inestimável auxílio alguns segmentos que não podemos dizer para não sermos presos, o Brasil oficializa hoje um retrocesso de 20 anos. Teremos o mesmo presidente que tomou posse duas décadas atrás, com as mesmas ideias retrógradas e com o mesmo partido disposto a instrumentalizar a democracia para perpetuar-se no poder. Quando também se leva em conta o histórico de honestidade petista, fica mais forte a sensação de que não é a história que se repete como farsa, mas a de que é a farsa que se repete como história.

Escolheu-se viver sem esperar nada sob a esquerda do que se enervar continuamente sob a direita. A frase é da escritora francesa Annie Ernaux, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura. Está no livro Les Années (Os Anos) e se refere à reeleição do socialista François Mitterrand. Guardadas as devidas diferenças de latitude, essa foi a circunstância que levou Luiz Inácio a ter um terceiro mandato presidencial, visto que boa parte dos cidadãos que votou no petista o fez por falta de opção. Se a juntarmos com a metade que o rejeitou completamente nas urnas, teremos uma maioria que oscila entre a resignação e o total descontentamento.

Se Luiz Inácio e o PT tivessem juízo, eles não perderiam esse fato de vista. Mas juízo não é o forte entre os petistas. Desde que a vitória eleitoral lhes foi anunciada, eles se comportam com arrogância e mostram a disposição de sempre de aparelhar a máquina estatal de alto a baixo. Que ninguém se engane com o arco de alianças que loteou os ministérios ou com os discursos que aparentam gentileza e abertura para outros pontos de vista. Luiz Inácio e o PT acreditam que o Brasil lhes pertence de direito, dentro do seu projeto partidário-patrimonialista fundado no assistencialismo e decorado por um esquerdismo ora choroso, ora raivoso.

Que os próximos quatro anos nos sejam leves. O máximo que pode acontecer de bom para o país é nada. Esperemos nada.

Fonte - Mário Sabino (Metrópoles) *com alterações

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