Moradores,
comerciantes e lideranças interditam Avenida Alagados em reivindicação por
melhorias na segurança pública. Assassinatos acontecem a luz do e muitas vezes
os culpados ficam impunes.
SANTA
MARIA – Manifestantes, entre comerciantes, lideranças e moradores interditaram
na manhã desta quarta-feira (28), por volta das 7:30 horas, a principal via da
cidade, popularmente conhecida por Avenida Alagados. Os manifestantes
reivindicam a melhoria na segurança que, segundo eles, “está um caos”.
Empunhados
de bandeiras, faixas, cartazes e cruzes o grupo se concentrou de frente a uma
madeireira, onde na semana passada o proprietário morreu vítima de latrocínio.
Gritando palavras de ordem e ocupando meia faixa da via, o grupo foi
acompanhado de perto por aproximadamente quinze viaturas da Polícia Militar que
permaneceram durante todo o tempo em que durou a manifestação, prestando apoio.
De
acordo com os organizadores do ato, a manifestação tem caráter pacífico, sem
prejudicar a vida das pessoas que que necessitam usar a via. “Não queremos prejudicar ninguém, o nosso
ato é de total tranquilidade e respeito ao direito de ir e vir, tanto que estamos
ocupando apenas meia faixa da via sem cercear o direito de quem tem que
trabalhar, apenas para mostrar a nossa indignação para as autoridades e
distribuir material informativo”, disse o líder comunitário Raimundo Nonato
Rocha, popularmente conhecido por Raimundo Preto.
“Infelizmente
chegamos ao cume de ter que vir para as ruas pedir por paz. Ontem assassinaram
o meu pai e amanhã poderá ser qualquer um de nós, pois da forma que está, só
podemos esperar isso”,
disse a filha da mais recente vítima da violência.
Outras
lideranças também externaram indignação durante o ato. Foi o caso do Policial
Civil aposentado Alceu Prestes que relatou que algo deve ter acontecido no
governo passado com relação os recursos destinados à segurança pública do DF. “Estamos vivendo uma situação sui gêneris, onde
o Governo Federal repassa recursos através do Fundo Constitucional,
prioritariamente para a segurança pública e o restante a ser empregado na saúde
e educação. E aí, cadê o dinheiro? - Segurança está um caos. A saúde está na fila
da UTI esperando vaga e a educação tiveram que adiar o ano letivo devido ao
péssimo estado estrutural em que se encontram as escolas públicas. Algo
estranho com certeza aconteceu com os recursos. Na segurança pública especialmente,
o efetivo das polícias está abaixo da crítica, onde muitas vezes, missões que
deveriam ser executadas por oito ou dez homens estão sendo levadas a efeito por
apenas três ou quatro. Só em razão de aposentadorias, alguns milhares de policiais
sairão do quadro. Com relação aos concursos, sabemos que demoram em torno de
dois anos para que os aprovados tomem posse. Nesse tempo o governo Rollemberg
foi para o brejo. Estamos tentando alertá-lo! Em muitas satélites, tem dias em
que há somente uma ou duas viaturas fazendo rondas e apenas três ou quatro
policiais civis nas delegacias por plantão e os mesmos tem que almoçar, jantar
e ter um período mínimo de repouso para conseguir dar conta da demanda que
aumenta a cada dia, ou seja, o número de policiais são insuficientes para
atender a demanda. Em Santa Maria, a população chega aproximadamente os 145 mil
habitantes e ainda querem que paguemos a conta com as nossas vidas. Tem que ser
aberta a caixa preta da segurança e ver o que está acontecendo”,
exemplificou.
Para
a presidente da Associação Comercial da cidade, Nathália Cotrim, a falta de
segurança já levou vários comerciantes a baixar as portas e desistir de
investir na cidade. “São tantos roubos,
latrocínios, furtos e tráfico de drogas nem se fala. Com isso, vários
comerciantes desistiram de Santa Maria, chegando ao ponto de trocar nossa
cidade por Jardim do Ingá, Estrutural e Águas Lindas de Goiás, por medo de
perderem suas vidas. O comércio está morrendo aos poucos. De acordo com
levantamentos da Associação, vários empresários não querem mais investir na
cidade devido à violência que cresce assustadoramente a cada dia”,
enfatizou. Ainda de acordo com a presidente, a situação já tomou índices alarmantes.
“Em menos de um ano já morreram três
companheiros vítimas de latrocínio, bem como centenas de assaltos aos comércios,
diariamente e em plena luz do dia. Ainda há o fato de pessoas simples da
comunidade que estão sendo vítimas da criminalidade, seja por roubos e até
mesmo homicídios, pois os seus algozes se julgam impunes diante das leis.
Estamos vivendo um momento de calamidade pública. Em 2012, por exemplo, 44
jovens perderam suas vidas devido ao tráfico de drogas”, completou.
Segundo
os organizadores, estão agendados mais dois atos, um no próximo dia 04/02, em
local a ser definido e o outro no dia 10/02, a partir das 9 horas, momentos antes
da solenidade em comemoração ao aniversário da cidade, promovido pela Câmara
Legislativa do Distrito Federal. “Nesse ato
do dia 10, a manifestação se dará na maior avenida comercial da cidade e os
comerciantes baixarão suas portas em sinal de protesto”, disse Alceu. Ele
acrescenta que o objetivo do ato é chamar a atenção das autoridades para o
problema. “Todos os anos eles vem na
cidade, vendem falas maravilhosas e entregam diplomas para as lideranças. Vamos
mostrar a realidade para os nossos legisladores. Aqueles deputados que tiverem
vontade de nos ajudar na busca de soluções para o problema, serão bem vindos,
quem não quiser que atenda o celular e invente compromisso inadiável e vá
cuidar dos seus interesses, pois estamos cansados de ver nossa gente morrer e o
Estado ficar omisso diante de tanta violência. Enquanto eles fazem belos discursos
os nossos familiares e amigos estão morrendo. É de suma importância que os
representantes dos direitos humanos para humanos de direito se façam presentes
à solenidade, pois não temos nada a comemorar. A cidade está de luto”, completou
Alceu.
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