Fluxo de pacientes para unidades do Distrito Federal se inverteu. Agora, moradores da capital têm recorrido às cidades próximas
A proximidade do Distrito Federal com municípios goianos, a ausência de estrutura e o investimento escasso em hospitais do Entorno levam pacientes da região metropolitana a buscar atendimento médico nas unidades de saúde de Brasília. Mas, há pelo menos dois meses, o que era corriqueiro se inverteu. A grave crise que se instalou na capital tem provocado o movimento contrário na fronteira com Goiás. Com a instabilidade do serviço, a falta de profissionais, de remédios e de leitos, moradores do DF procuram as cidades próximas para conseguir socorro. Municípios como Valparaíso, Novo Gama, Águas Lindas e Luziânia tiveram aumento na demanda nos últimos meses. A mudança no perfil do brasiliense acontece diante da frustração ao procurar consulta dentro da capital.
Ivanilde Pereira de Castro, 39 anos, mora no Riacho Fundo I e, na manhã de quarta-feira, procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Valparaíso com a filha, Isabela de Castro Guimarães, de 1 ano e 6 meses. Há cinco dias, a criança apresentava febre, diarreia e vômito. Após tentativas de atendimento na UPA entre o Núcleo Bandeirante e o Riacho Fundo, a manicure desistiu e optou pelo Entorno. De ônibus, ela e a menina seguiram de Brasília até a parada mais próxima do Bairro Marajó. “No DF, não tem médico, e, quando a gente encontra, é só um de plantão. Às vezes, vou de manhã e, às 15h, ainda não fui chamada. Pela segunda vez, procuro o Valparaíso. Quando venho aqui, encontro três médicos, sem falar no atendimento rápido. No DF, só consegue uma consulta quem está morrendo”, lamentou.
Entre janeiro e dezembro do ano passado, o sistema de saúde de Valparaíso fez 36.551 atendimentos. No último mês de 2014, segundo o secretário de Saúde da região, Walter de Mattos, 30% dos pacientes foram moradores do DF. O percentual equivale a 250 consultas diárias. Em janeiro deste ano, apenas a UPA recebeu 50 pessoas de Brasília, segundo a diretora da unidade, Ana Carolina Bezerra de Almeida.
Mattos credita a procura por Valparaíso ao fato de ser a única localidade mais próxima com três redes de urgência e emergência 24 horas: a UPA 24 horas, o Hospital Municipal Dr. José Henrique de Souza e o Centro de Saúde Cais II. “Eles (pacientes) se queixam da falta de médicos no DF e da demora do atendimento. Em contrapartida, Valparaíso é o terceiro município que recebeu a maior quantidade de profissionais do Programa Mais Médicos. Vieram 28, sendo 24 estrangeiros e quatro brasileiros de outros estados”, explicou.
Fonte: Correio Braziliense
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