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Crise no transporte exige reformulação na gestão, dizem especialistas

Para eles, de nada adianta trocar a frota de ônibus ou implantar corredores exclusivos se não houver mudanças na estrutura. Enquanto isso não ocorre, usuários relatam rotina de desgaste nos coletivos

Os problemas do transporte público no Distrito Federal são velhos conhecidos dos mais de 1 milhão de passageiros. A cada troca de governo, porém, renova-se a esperança de melhorias no sistema. Os usuários sabem o que é necessário para tornar mais agradável o caminho até o trabalho ou a volta para casa. Especialistas ouvidos pelo Correio são categóricos ao defender uma mudança na gestão do transporte. Sem ela, garantem, a compra de novos ônibus e a implantação do BRT ou VLT, por exemplo, terão pouco efeito no dia a dia dos usuários.

Daniel Ferreira/CB/D.A Press

A reportagem esteve na Rodoviária do Plano Piloto e em cidades como Ceilândia e Santa Maria para ouvir da população quais são os principais problemas para quem pega ônibus ou metrô diariamente. Relatos, publicados em reportagem ontem e hoje, descrevem atrasos, empurra-empurra e coletivos lotados. A manicure Olga Maria dos Santos, 40 anos, moradora de Santa Maria, acreditava que a chegada do BRT melhoraria a qualidade do transporte público na cidade. Mas a implantação do novo modelo trouxe desorganização, demora e falta de infraestrutura. Ela se queixa, principalmente, do tumulto para embarcar nos ônibus articuladores. “O intervalo entre um e outro é enorme, e a gente chega a esperar até 40 minutos. O BRT não é aquilo tudo que anunciaram. Só duas estações funcionam, nem informações conseguimos direito”, reclama. Olga teme que a situação piore quando a passagem começar a ser cobrada.

O auxiliar administrativo do Banco Central Paulo Henrique Muniz dos Santos, 23 anos, afirma que o tempo de viagem para Santa Maria diminuiu em razão da faixa exclusiva do BRT. Mas, segundo ele, não há estrutura adequada para o Expresso DF funcionar de forma adequada. “Todo o sistema é mal organizado, os passageiros ficam perdidos, as estações funcionam e não existe qualidade. Do que adianta ter o BRT sem organização? Precisa de investimento”, observa.
Para o pesquisador associado do Centro de Formação em Transportes e Recursos Humanos (Ceftru) da Universidade de Brasília (UnB) Flávio Dias, é preciso uma remodelagem no sistema. Ele defende a integração e sugere formas de subsídio para tornar a qualidade do serviço melhor sem aumentar a tarifa. Dias acredita que se deve aumentar a frequência das viagens nas linhas para o passageiro ter mais conforto. Mas isso gera um custo. “Há várias maneiras de montar essa equação financeira. Pode haver um subsídio cruzado e o governo passar a cobrar pelo estacionamento em algumas das áreas, por exemplo.” O pesquisador afirma que a tarifa zero não é viável e fica muito caro para o governo bancar essa conta.
Fonte: Correio Braziliense

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