Manuela Rolim
manuela.rolim@jornaldebrasilia.com.br
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A possível alteração no cronograma, no entanto, já foi suficiente para dividir opiniões nas ruas. Entre os brasilienses que são contra a mudança, a atendente de uma loja de doces Cleusa Camelo, 43 anos, admite que não acredita na economia estimada. "Eu e meu marido acordamos cedo para trabalhar e, como ainda está escuro, temos que ligar a luz e gastar energia da mesma maneira. Isso acontece na maioria das casas e, por isso, não sou a favor do horário de verão", opina Cleusa, ressaltando o aumento da insegurança na hora de sair para o trabalho.
AMANHECER
Para as irmãs Sandra Regina Santos, estudante, 33 anos, e Solange Cristina Santos, técnica em enfermagem, 31, a prorrogação do horário também não é positiva. Elas moram no Setor O e precisam sair de casa às 6h.
"A gente depende de ônibus e, por isso, saímos de casa no escuro, o que nos incomoda demais, pois não existe segurança na cidade. Não adianta economizar por um lado e colocar a vida da população em risco por outro", declara Solange.
Além disso, ela afirma que não acredita na economia, uma vez que os hábitos continuam os mesmos, independentemente do horário.
A diarista Ivone Silva Moraes, 50 anos, que mora em Águas Lindas (GO) e sai para o trabalho às 5h, é outra representante do grupo de pessoas que não aprovam a continuação da medida. "O horário de verão atrapalha a minha rotina. Minha vontade é que ele acabe o mais rápido possível. Como eu saio às 17h do serviço, a medida não interfere na minha segurança ao voltar para casa. Porém, na hora de ir trabalhar, no escuro, faz muita diferença. Morro de medo de sair sozinha de casa antes de amanhecer o dia", desabafa.
Saiba mais
Aplicado no Brasil desde o verão de 1931/1932, o horário de verão, além de economizar energia, aumenta a segurança do sistema elétrico.
A medida ainda garante maior flexibilidade para a realização de manutenções e possibilita a redução da pressão sobre o meio ambiente e nas tarifas cobradas pelo serviço.
O governo alega que o horário de verão evita investimentos de cerca de R$ 4 bilhões ao ano, com mais geração e sistemas de transmissão de eletricidade.
Para enfrentar o problema da falta de chuva, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, que vai contar com a energia gerada pela termelétrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que tem potência instalada de 640 megawatts.
O ministro Eduardo Braga confirmou também que, já no início de março deste ano,
as distribuidoras vão lançar uma campanha de conscientização para economia energia.
Bandeira vermelha
O custo extra da bandeira tarifária vermelha vai subir de R$ 3 para R$ 5,50 para cada 100 quilowatt/hora consumido, conforme confirmou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O aumento vale a partir de 1º de março, depois de uma audiência pública.
Hoje, a bandeira vermelha é um alerta para o consumidor de que o custo de geração de energia está mais alto.
As vantagens de esticar a jornada
Por outro lado, muitos brasilienses apoiam a proposta e acreditam na economia proporcionada pelo horário de verão. Para os amigos André Luis de Melo Souza, analista de treinamento, 32, e Tiago Haka, 27, cabeleireiro, a medida possibilita aproveitar mais o dia.
"Defendo a prorrogação, pois o dia fica mais longo e produtivo após o trabalho. No fim do expediente, por exemplo, ainda dá tempo de curtir o parque ou ir para a academia", opina o analista. Quando questionado sobre a segurança dos trabalhadores que precisam sair de casa no escuro, ele relata que o horário não influencia nisso.
"Os crimes não têm mais hora para acontecer, a violência está presente tanto durante o dia quanto à noite. Então, já que somos obrigados a viver assim, com medo, que o horário de verão sirva, pelo menos, para algo útil, ou seja, a economia de energia", completa André.
Já o amigo Tiago, que tem a mesma opinião, enfatiza as vantagens que a mudança no relógio traz para o comércio. "No horário de verão eu consigo fechar meu salão mais tarde, pois ainda está claro e os clientes têm mais disponibilidade", conta.
O proprietário de uma banca de jornal na Rodoviária do Plano Piloto Cláudio César Alves da Silva, 28 anos, compartilha da mesma opinião. Segundo ele, as vendas cresceram 20% em relação ao horário comum. "As vantagens para o meu comércio são inúmeras. Nós abrimos a banca às 5h, quando as pessoas já estão indo para o trabalho, e fechamos às 21h. A diferença é que no fim do dia o movimento no comércio se prolonga", conclui.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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