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Um mês depois de queda de monomotor, cenário de destruição é o mesmo

Casal dono da residência destruída no acidente que matou duas pessoas em Luziânia (GO) perdeu tudo

Cornelita voltou à casa dela a pedido do Correio: "Hoje, olho para ela e choro de tristeza. Dói muito saber que o que eu tinha nesta vida acabou"

Aos 73 anos, tudo o que Cornelita Meirelles Silveira quer é voltar para a casa onde viveu mais de três décadas ao lado do marido, Otávio Barbosa Meirelles, 66. Na próxima terça-feira, fará um mês que eles vivem de favor com parentes. A situação está assim desde que o monomotor EMB 710C caiu sobre o imóvel do casal, na Rua Padre Rosa, em Luziânia (GO), e matou duas pessoas, além de deixar duas em estado crítico. Passados 30 dias, o cenário pouco mudou no bairro. Destroços da aeronave e pedaços da casa estão espalhados no local. Os passageiros feridos receberam alta, mas seguem sob observação. A Polícia Civil investiga o acidente e trata o caso como fatalidade.

Construída com o dinheiro de uma herança, a casa atingida pelo monomotor tem três quartos, dois banheiros, sala, garagem e um quintal amplo. “Usei o dinheiro de uma terra que o meu pai tinha deixado para mim e levei uns dois anos construindo, para casar. Entrei nela, pela primeira vez, há mais de 30 anos, em um 19 de fevereiro. Fiz do jeito e com o material que queria. Hoje, olho para ela e choro de tristeza. Dói muito saber que o que eu tinha nesta vida acabou”, desabafa Cornelita. Desde a tragédia, ela e o marido evitam entrar na casa. “Não gosto nem de ficar passando em frente. A gente é muito velho para aguentar isso. Só queria voltar para a nossa casa, onde vivemos a nossa vida.”

Na semana passada, a idosa aceitou voltar ao imóvel, acompanhada do Correio. No lugar dos móveis e dos retratos de família — retirados pelos sobrinhos pela porta dos fundos —, os cômodos estão cobertos de terra, concreto e pedaços do avião. A sala ficou destruída. “O que mais dói no meu marido é saber que ele perdeu a única foto que tinha da mãe. O quadro estava pendurado na parede da sala e, hoje, está por aí, perdido embaixo desse entulho”, lamenta, olhando para a destruição. “Até agora, não cancelei o telefone, pois tenho fé de que vou voltar. Replantar a minha horta...”

Reconstrução
No dia do acidente, em 10 de janeiro, Cornelita passou a tarde visitando amigas. Seguia para casa pouco antes das 19h, mas parou do outro lado da rua para conversar com as vizinhas. Em poucos minutos, ouviu um barulho próximo à cabeça. “Era o avião passando em cima de mim. Foi só o tempo de olhar para o lado e ver tudo o que eu tinha acabar em poucos segundos”, conta. “Foi Deus que não deixou eu ir direto para casa. Porque, se eu não tivesse parado para conversar, estaria abrindo o portão ou entrando na sala na hora do acidente.”

Amigos e parentes do piloto João Henrique Baeta contaram que a aeronave tinha seguro obrigatório, o que deve cobrir a reconstrução da casa, mas não souberam informar um prazo para o início das obras. Eduardo Baeta, pai de João Henrique — morto na queda —, mantém-se sereno, mas diz que a maior dor é ter perdido um grande amigo. “Ele estava feliz e fazendo o que gostava. Tinha muita experiência e estava empolgado para comprar o próximo avião”, lembra.
Fonte Correio Braziliense
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