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Técnicos VS Políticos - De quem a Estrutural está precisando?

A cada dia que passa os moradores da Estrutural, perdem as esperanças e sentem-se cada vez mais cerceadas de direitos básicos. Falta de gestão administrativa é um dos principais problemas enfrentados pelos moradores.

 


Diante dos recentes acontecimentos que abalaram o Distrito Federal e o Brasil nos últimos dias, especialmente com relação ao caso da menina que foi covardemente espancada, supostamente por traficantes e deixada em um terreno baldio na Estrutural, na última semana, empresários, comerciantes, lideranças e comunidade em geral, começaram a cobrar explicações e soluções do poder executivo para os vários problemas enfrentados pelos moradores da região. São assaltos e roubos à qualquer hora do dia e da noite e um número crescente de homicídios nos últimos meses que vem assustando os moradores da região, bem como vários problemas de infraestrutura e má gestão administrativa. “A Estrutural está voltando ao início, aonde haviam setores em que o domínio era feito por traficantes e não haviam condições de ações policiais no local, uma vez que os marginais impediam a presença deles”, informou a dona de casa Maria Suely da Silva, moradora da Estrutural há 16 anos.

Se não bastasse a falta de segurança pública, os moradores ainda amargam a inexistência de políticas públicas voltadas para o bem estar dos moradores. “O que se vê aqui na cidade são discussões político-partidárias para saber quem detém maior poder e quem manda mais. Não há ações diretas que beneficiem a comunidade a não ser o mínimo que o governo oferece e que, nem assim, é administrado da forma correta pelos seus comandados”, informou uma respeitável liderança local que não quis se identificar.

Em outra ocasião não muito distante, a Estrutural voltou às páginas dos jornais, quando um assessor da Administração Regional agrediu um morador por ele ter feito denúncias do servidor junto à Corregedoria do GDF. Na época, houve a intervenção do vice-governador Renato Santana no caso, que, para dar uma resposta à sociedade, exonerou o servidor. “A nossa situação aqui, está virando uma bola de neve que, se o governo não tomar providências urgentes, a cidade se tornará uma região dominada por milícias e traficantes, se tornando ainda, moeda de troca para o pagamento de favores políticos e quem sofre com isso somos nós os moradores que convivemos no meio desse fogo cruzado”, disse o aposentado José Guimarães da Silveira, morador da Estrutural a 18 anos.

Diante do caos em diversas áreas, sejam elas, saúde, educação, transporte, segurança e gestão, moradores comentaram da saudade de quando a cidade era administrada por técnicos não ligados à partidos políticos, dando ênfase aos administradores “policiais civis” que passaram pela RA. “Quando a Estrutural era administrada por policiais, não tinha essa safadeza que aí está. Agente tinha a polícia aqui dentro diariamente e sempre que procurávamos alguma coisa na administração, eles (gestores) eram positivos em nos dá uma solução e não ficavam fazendo politicagem, ou atendendo mal a comunidade”, disse o operador de máquinas Francisco Airlon de Araújo Mora, morador da cidade a 23 anos. Ainda de acordo com Airlon, os moradores tinham a sensação de segurança. “Um dos principais gestores técnicos que deixou sua marca e ganhou o respeito da comunidade, foi o doutor Alceu, sendo um administrador revolucionário na cidade, uma vez que, com ações fáceis e voltadas exclusivamente para os interesses dos moradores, fossem elas na melhoria da segurança pública, aonde constantemente tínhamos a presença da Polícia Civil fazendo batidas na cidade, bem como em outras áreas, pois através da flexibilidade que tinha no meio empresarial e órgão públicos, ele conseguiu parcerias para atender algumas ações emergenciais, que muitas vezes, não poderiam ser atendidas naquele momento pelo GDF, sem contar que ele era uma pessoa vista constantemente no meio da comunidade”, informou.

Para o comerciante Adonor Pontes dos Reis, popularmente conhecido por Eloí, residente na cidade a 15 anos, os moradores da Estrutural se tornaram reféns, não da insegurança notadamente crescente na cidade e sim, da falta de ações emergentes do poder público em administrar os vários problemas existentes no setor. “As ações realizadas aqui na cidade foram boas, porém má administradas por pessoas que eram responsáveis por gerenciar essas ações e faze-las sair do papel, uma vez que somente atendiam a favores políticos. Assim, a insegurança tomou conta dos moradores e aquela sensação de segurança que tínhamos no passado, não existe mais. Segurança essa que não vinha somente das ações policiais e sim do trabalho dos gestores técnicos (policiais) que passaram pela administração e que coibiram atos censuráveis no meio da comunidade. Com isso, houve uma redução significativa da criminalidade, pois, acredito, que a presença de um administrador policial aqui, fez com que o efetivo fosse aumentado, ou seja, tínhamos a presença maciça de policiais aqui na cidade todos os dias. Sempre que houvesse qualquer problema, bastava um telefonema do administrador, que a cidade se enchia de policiais, bem como de máquinas para a realização de algum tipo de obra. Isso chama-se parceria, que ele tinha de sobra. Também não víamos pressões de lideranças, empresários e demais segmentos que pudessem impor autoridade sobre gestão que administrava a Estrutural. Presenciei isso, várias vezes durante a gestão do doutor Alceu, que é uma referência positiva para os moradores, que passou pela administração regional”, afirmou.

Da História

Há exatos 26 anos, em 1989, foi criado o Setor Complementar de Indústria e Abastecimento, ao lado da Via Estrutural, época em que se previa a remoção da então “Invasão da Estrutural” para outro local. Várias tentativas foram realizadas neste sentido, inclusive a que culminou no histórico confronto entre a polícia e moradores, que ficou conhecido como o “Massacre da Estrutural”. 

Em janeiro de 2004, já no governo Joaquim Roriz, por meio da Lei nº 3.315, o SCIA foi transformado na Região Administrativa XXV, tendo a Estrutural como sua sede urbana, a Cidade do Automóvel e o Setor da Construção Civil como o principais setores comerciais da região. 

Nos últimos onze anos, desde a sua “emancipação” a Estrutural passou por processos políticos diferenciados na sua administração. Na visão do então governador, não se tratava somente em criar mais uma cidade e deixa-la semelhante as demais. Joaquim Roriz dizia à época que, após os vários problemas enfrentados pelos moradores, não seria justo que a cidade começasse a ser administrada por pessoas sem conhecimento e compromisso, apenas para satisfazer interesses políticos. Assim, nomearia na qualidade de administradores, uma equipe técnica capaz de colocar ordem na casa. Com isso a cidade foi administrada durante todo aquele governo por policiais civis, subordinados diretamente ao governador. “Nesse momento de renasci-mento é preciso ter pessoas sem interesses políticos administrando a Estrutural para que se torne um lugar livre de especulações políticas e não vou deixa-la se tornar curral eleitoral de alguns políticos”. Assim, primeira gestão foi comandada pelo então administrador, delegado Mário André e pelo chefe de gabinete e perito Alceu Prestes. “Foi nessa gestão, apesar da precariedade da cidade em questão de benfeitorias, devido a entraves ambientais, aonde nada de concreto poderia ser realizado, a não ser paliativos, que cidade começou a tomar corpo. A ordem começou se instalar, as ruas foram desobstruídas, algumas invasões foram retiradas, a polícia começou a transitar em locais antes tidos como ‘faixas de gazas’, pois quem comandavam esses setores eram os traficantes e a polícia não entrava e por fim, as lideranças e comerciantes tinham prazer de lutar pela melhoria da qualidade de vida dos moradores, pois sabiam que suas reivindicações chegariam aos seus destinos. Foi uma época em que houve diálogo entre a comunidade e o governo”, disse o aposentado Antônio Dário da Silva, morador da cidade há 29 anos. Passaram ainda pela Estrutural, Damião José de Lemos e Mário Gomes da Nóbrega (ambos delegados de polícia). 

Durante um período no governo Arruda, a Estrutural viveu uma fase turbulenta. Sob a pressão de lideranças locais, Arruda ouviu a comunidade e nomeou mais uma vez um administrador técnico ao invés de atender interesses de políticos. A pedido dos moradores, tirou Alceu Prestes da Secretaria de Habitação e o reconduziu à Administração Regional.

Durante um período, já na gestão do então governador Arruda, a cidade passou a ser administrada por indicação política, daí, de acordo com algumas lideranças, foi um dos priores momentos da cidade, após o chamado massacre. “Todo mundo queria mandar mais do que todo mundo, lideranças não se entendiam com a administração e tínhamos pessoas administrando a cidade que nem sabíamos quem eram e elas não conheciam a nossa realidade. Estavam ocupando o cargo para satisfazerem a interesses de padrinhos”. Foi quando o então governador Arruda, atendendo a um clamor das lideranças locais, convidou Alceu Prestes para administrar a cidade mais uma vez. “Foi uma época boa, pois o doutor Alceu fez pela cidade o que ninguém jamais havia feito. Ele trabalhou por todos e para todos e enfim, trouxe a sensação de segurança e liberdade para os moradores. Foi o período que mais notamos a presença da polícia aqui na Estrutural. Ele veio na hora certa, principalmente no momento em que as obras estavam chegando”, relatou o borracheiro José Ribamar da Silva Souza Filho, morador da cidade há 20 anos.

De acordo com Anelita Rodrigues da Silva, presidente da ONG Fênix a 17 anos e moradora da Estrutural a 20, nas gestões comandadas por técnicos, é que foram desenvolvidas o maior número de ações sociais na cidade. “Nós tivemos dois momentos aqui na Estrutural. O primeiro quando dependíamos de tudo e nada chegava e outro quando a cidade foi comandada por técnicos, especialmente nas duas ocasiões em que o doutor Alceu esteve à frente da Administração Regional. Sempre que precisávamos de roupas, cestas, transporte e algum tipo de ajuda emergencial para algum morador, era só entrar em contato com a administração, que de imediato tinha um carro aqui na porta ou no local para solucionar o problema. Lembro de um fato que aconteceu na época em que as ruas estavam sendo asfaltadas e quando as maquinas passaram em algumas ruas, alguns barracos desabaram (aproximadamente 30). Solicitamos o apoio da administração e sem fazer perguntas, o doutor Alceu determinou que uma equipe estivesse no local para avaliar os estragos e tão logo foi constatado o problema, comandou um verdadeiro mutirão, entre a administração e os moradores e no lugar onde existiam os barracos, foram construídas casa de alvenaria para os moradores. Tudo isso sem onerar os cofres públicos. Então eu digo que, quando o trabalho é feito por técnicos, sem interesses político-partidários e visando o bem estar coletivo, as coisas acontecem, e isso aconteceu aqui na Estrutural. Acredito que se fossem colocados interesses políticos à frente dessa situação específica, as coisas não teriam acontecido e muitas famílias não tinham até hoje um teto para morar”, enfatizou.

De acordo com a pioneira Neuza Ferreira Barbosa, liderança reconhecida na cidade, a presença de pessoas alheias à indicações políticas na Estrutural, sempre surtiu resultados positivos. “Para se ter uma ideia, eu e vários moradores só tivemos acesso à Administração Regional, quando essa era administrada por técnicos, uma vez que não haviam tratamento diferenciado e a recusa no atendimento. Éramos atendidos a qualquer hora e todas as nossas reivindicações eram respondidas, uma vez que, acredito que por não serem ligados a apadrinhamento políticos, a equipe comandada por esses técnicos eram instruídas a dar uma resposta imediata para a comunidade, bem como esses tinham autonomia para trabalhar. Exemplo disso aconteceu na gestão do então administrador Alceu, pessoa que ficou na nossa lembrança e que não esqueceremos jamais, devido a seriedade que administrava a cidade e o carisma que tinha com os moradores. Se fosse para escolher, gostaria de ter novamente na Administração o doutor Alceu, caso contrário, queria uma pessoa com o seu perfil”, enfocou.

Santa Maria também tem a sua história - Durante um período bastante complicado, a pedido do então governador Joaquim Roriz, houve “intervenção” em Santa Maria e assumiram a administração local, técnicos para recolocarem a ‘casa em ordem”

Em Santa Maria não é diferente, foi durante o período que era comandada por técnicos que a gestão administrativa da cidade não foi alvo de escândalos. De lá para cá, os gestores que passaram pela administração regional foram citados de alguma forma com atos censuráveis, salvo algumas exceções, é o caso do ex-administrador Erivaldo Alves. Em fevereiro de 2004, quando, diante de vários problemas envolvendo a cidade, o então governador Roriz nomeou como administrador o delegado Rosalvo Gomes de Oliveira e o perito Alceu Prestes na qualidade de Chefe de Gabinete para que colocassem “a casa em ordem”. Naquela ocasião, foi travada uma verdadeira batalha com alguns deputados distritais, aonde afilhados políticos desses (distritais), foram exonerados a bem do serviço público. Com a saída do Doutor Rosalvo, por estar sendo nomeado em outra função, assumiu o também delegado Mário André Machado Carvalho, que continuou juntamente com o então chefe de gabinete, o trabalho já iniciado. Posteriormente, Alceu voltou à administração da cidade na qualidade de Diretor de Obras, já na gestão do então governador Arruda. Recentemente, em uma manifestação no Residencial Porto Rico, lideranças, moradores e empresários fizeram questão de convidá-lo a percorrer as ruas do setor ao lado do atual administrador e prestar apoio ao manifesto, bem como, trazer sua experiência administrativa para a solução dos problemas enfrentados pelos moradores. Muitos gritavam palavras de ordem pedindo a sua volta para comandar a Administração Regional. Há quem afirme inclusive que ele havia sido convidado para chefiar o gabinete do atual administrador. Na época, Alceu desconversou e preferiu continuar no anonimato à se envolver politicamente em ações políticas partidárias. “Ele foi um dos melhores servidores que já passaram por Santa Maria, sendo uma pessoa honesta e séria e com atuação voltada direta para os moradores. Ele é um servidor de campo, que gosta de estar nas ruas fazendo algo para melhorar a qualidade de vida dos moradores e, é esse tipo de pessoa que precisamos. Não queremos pessoas de discurso e sim de ação”, Disse à época a presidente da Associação de Moradores do setor, Joana D’Arc.



Fonte - Agencia Satélite

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