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PM desocupa Torre Palace Hotel

Informação inicial é de que era uma desratização, mas a operação atendeu a uma determinação judicial

Da Redação, com informações de Éric Zambon e Manuela Rolim

A Polícia Militar montou uma operação para a desocupação do Torre Palace Hotel, que ocorre desde a manhã desta quarta-feira (1º). O edifício era ocupado desde o ano passado por integrantes do Movimento Resistência Popular (MRP) e por usuários de drogas. Segundo a corporação, 360 agentes de segurança estão no local, sendo 250 da PMDF e 110 de orgãos diversos, como Agência de Fiscalização (Agefis), Secretaria de Estado da Ordem Pública e Social do Distrito Federal (Seops), e Corpo de Bombeiros.

A primeira informação, segundo o chefe do Centro de Comunicação Social da PM, tenente-coronel Antonio Carlos, era que a retirada se devia a uma desratização, a ser feita pela Defesa Civil. Inicialmente, 20 pessoas sairam do local de forma pacífica. Em seguida, uma confusão entre os invasores e a Polícia Militar acabou com duas pessoas conduzidas para a Delegacia de Polícia Especializada para prestar esclarecimentos. “Todos os que forem retirados serão conduzidos para a delegacia, eles foram detidos por desobedecer ordem policial”, informou o tenente-coronel Antonio Carlos.

A partir daí, um grupo estimado de 10 adultos e duas crianças passou a resistir. A PM bloqueou as extremidades do local porque os ocupantes atearam fogo em objetos e amaeçavam jogar botijões de gás. Ainda no começo da tarde, o Eixo Monumental foi fechado entre a Rodoviária e o Palácio do Buriti. "Não temos para onde ir. Ninguém do governo veio aqui para oferecer um lugar para a gente”, disse Ylka Carvalho, uma das coordenadoras do MRP, que afirmava que mais de 80 pessoas permaneciam no prédio.Por volta das 16h, membros da Seops começaram a erguer uma parede de concreto no térreo do Hotel. Com isso, os ocupantes passaram a jogar objetos de madeira e resquícios de obra nos servidores.

Justiça

No meio da tarde, a Secretaria de Segurança afirmou que a operação tinha amparo na decisão do desembargador Sebastião Coelho, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), de 24 de maio. "A urgência da situação, aliada ao próprio poder-dever do Estado de resguardar a ordem pública e a incolumidade física das pessoas, é suficiente para que se providencie a imediata desocupação do imóvel com a adoção conseguinte de todas as providências necessárias para que o prédio não volte a ser ocupado, obedecendo-se ao auto de interdição", diz a decisão, acrescentando que autorizava o "Distrito Federal a promover a imediata desocupação definitiva da edificação Torre Palace Hotel".

Invasores desabafam


Morando no hotel há cerca de um ano, Camila José Gomes, de 27 anos, reside no sexto andar do prédio abandonado. Ela disse que saiu para comprar um lache e, quando voltou, não pode mais entrar no local. "As coisas aqui não são fácil não. Comida? vai saber quando a gente consegue! Mas o Governo Não vê isso. Estamos a Deus dará aqui. Não queremos nada de graça. Nós pagamos, mas queremos um pedaço de terra para construir uma moradia", desabafou.

Camila disse ainda que ele não vão aceitar morar em albergues oferecidos pelo Governo do Distrito Federal. "Nós sabíamos que isso poderia acontecer a qualquer momento, mas não vamos desistir dessa luta, pois queremos uma moradia digna. Nós não gostamos de morar aqui. Esse lugar é totalmente precário, tem muitos ratos lá dentro. Estamos aqui porque precisamos", afirmou. 

A sem-teto Geni Neres, 59 anos, saiu com a filha, que passou mal com a fumaça da desratização, e se mostrava aflita pelo filho e genro que ainda estão no hotel. "Nunca fizemos mal a ninguém. Estão tratando a gente feito cachorro", reclamou.

Os moradores que estão impedidos de entrar no hotel disseram ainda que dentro do prédio abandonado há crianças e até um bebê de três meses. Eles garantem que no local não há água e comida para eles se alimentarem. 

Sentada no chão, em frente ao Torre Palce, Ivona Silva Santo contou ao Jornal de Brasília que já trabalhou com pedreira, mas perdeu o emprego com a crise econômica que assolou o país. Com 39 anos, ela se mudou para o local há um ano e diz esperar uma solução para a situação em que eles se encontram. "Nos confundem com traficantes, mas eles ficam no andar de baixo, não tem nada a ver com a gente. Nós só queremos um lugar para morar com a nossa família", desabafou. Ainda segundo ela, se os ocupantes forem retirados do prédio abandonado, eles irão ocupar outros lugares próximos. "Se nós saírmos daqui, vamos para outro lugar. Aqui está insfestado de mosquitos da dengue, mas o governo não se preocupa com isso, eles só querem saber dos votos deles", pontuou. 

Líder do movimento responde a inquérito judicial

Edson Francisco da Silva, líder do pequeno grupo que ainda resiste à desocupação de Torre Palace Hotel, no Eixo Monumental, responde a inquérito sob a acusação de extorquir dinheiro de integrantes do Movimento de Resistência Popular (MRP), do qual também é líder e fundador. Na ocupação ao hotel, estão duas crianças e oito adultos, segundo informações da Polícia Militar.

De acordo com a investigação, Edson exigia que os participantes do movimento repassassem a ele um percentual dos R$ 600 que eram pagos às famílias, pelo Governo do Distrito Federal, a título de auxílio aluguel.

Ele foi preso temporariamente em dezembro de 2015, em uma operação que aprendeu armas de fogo, munição, R$ 26 mil em espécie e um automóvel Toyota Corola 2015. A Polícia acredita que o líder do movimento é o dono do automóvel, pois as prestações do carro venciam logo após o pagamento do auxílio aluguel às famílias.

O MRP foi fundado por Edson no ano passado, depois que ele foi expulso do Movimento do Trabalhadores Sem Teto, o MTST, do qual também foi fundador, nos anos 90, em São Paulo. A expulsão do antigo movimento aconteceu justamente porque a direção do MTST obteve a informação de que Edson cobrava R$ 50 por mês dos participantes do MTST, o que é totalmente contrário às normas do movimento.

Sobre o hotel

O Torre Palace Hotel foi o primeiro do Setor Hoteleiro Norte, erguido em 1973. O prédio está em disputa judicial entre os herdeiros do libanês Jibran El-Hadj, dono do imóvel, que morreu em 2000. Em 2013, o hotel foi desativado e o prédio abandonado. Em outubro de 2015, depois de serem expulsos do também desativado Clube Primavera, em Taguatinga, o os integrantes do Movimento Resistência Popular invadiram o local - antes haviam do também o Hotel Saint Peter, no Setor Hoteleiro Sul, que está vazio.

Trânsito

A operação bloqueia seis faixas em torno do hotel. A sugestão é que os condutores evitem as saídas pelo Eixo Monumental e utilizem a W3 Norte. 

A via N1 do Eixo Monumental está bloqueada desde a altura da Rodoviária do Plano Piloto até o Mc'Donalds. Como medida de resistência, os invasores fazem com barricadas de pneus em chamas e ainda jogam pedras e restos de material de construção. Segundo testemunhas, um homem ameaçou jogar um botijão de gás do 7º andar caso a operação continue. 


Negociação

O Coordenador de Proteção Social Especial, da Sedest, Jean Marcel Rates, informa que as negociações com os ocupantes, que ainda permanecem no prédio, continuam.

Protesto

O movimento de Ocupação da Funarte protestaram em frente ao cordão de isolamento da PM, no Eixo Monumental. Eles gritaram por resistência e pediram o fim da corporação. Por volta das 14h50, a Polícia Militar dispersou os manifestantes com spray de pimenta.



Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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