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Aluguel de armas de fogo alimenta guerras entre gangues no DF

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O valor flutua de acordo com o calibre. Enquanto um revólver .38 custa cerca de R$ 200, uma pistola 9 milímetros pode chegar a R$ 500

CARLOS CARONE

Aluguel, cotização e até consórcio de armas compõem um mercado rentável e seguro para criminosos que integram gangues e quadrilhas alimentadas por uma guerra interminável contra rivais. Quase sempre as batalhas ocorrem em função de disputa por territórios e acertos de contas. Equipamentos de grosso calibre, como uma submetralhadora, chegaram a ser comprados por meio de uma “vaquinha” entre criminosos de Planaltina. O Metrópoles teve acesso a detalhes de investigações e conheceu como funciona a logística que leva ao esquema.

De acordo com a apuração de policiais da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), existem dois métodos utilizados pelas gangues para se manterem armadas. O primeiro é pagar pela “diária” do armamento. O valor varia de acordo com o calibre. Enquanto um revólver .38 custa cerca de R$ 200, uma pistola 9 milímetros pode chegar a R$ 500.

Trata-se de um comércio paralelo que contribui para o aumento das estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. Apenas nos primeiros nove meses de 2017, as polícias Civil e Militar apreenderam 1.572 armas, o que dá uma média de seis por dia.

Os grandes fornecedores são traficantes, conhecidos por terem maior poder aquisitivo. “Eles compram as armas e as repassam para outros criminosos que precisam cometer roubos, homicídios ou simplesmente se confrontar com rivais”, explicou um investigador ouvido pela reportagem.

Um revólver alugado por criminosos foi usado para cometer dois homicídios no DF - Reprodução/PCDF

O aluguel de uma pistola pode chegar a custar R$ 500 - Reprodução/PCDF

Por meio de uma "vaquinha", criminosos chegaram a comprar uma submetralhadora - Reprodução/PCDF

Adolescentes costumam alugar armas para o cometimento de crimes - PCDF/Divulgação
Integrantes de gangues costumam expor armas de fogo nas redes sociais
Quando perdem as armas, os criminosos precisam arcar com o pagamento, caso contrário, podem morrer - Reprodução
Roubo dividido

Quando o traficante é procurado por alguém que não dispõe do dinheiro para o aluguel da arma, um acerto costuma ser feito. Parte do produto do roubo precisa ser dividido. “Temos vários casos de crimes graves praticados em Planaltina com armas alugadas, principalmente homicídios e roubos a comércio. Uma das armas que apreendemos chegou a ser usada em dois homicídios num curto espaço de tempo”, contou o investigador.

Recentemente, em Planaltina, uma arma alugada foi recuperada pela Polícia Militar após um roubo a uma padaria. O criminoso conseguiu escapar, mas deixou cair o revólver calibre .38. “Quando isso acontece, o assaltante tem sérios problemas com o traficante”, revelou o agente.

Durante a condução do inquérito, os policiais identificaram que os donos do revólver começaram a extorquir parentes do criminosos. Eles exigiam R$ 1,6 mil para cobrir o prejuízo causado pela perda da arma. Os responsáveis pelo achaque acabaram presos pela Polícia Civil.

Vaquinha por metralhadora

Armamentos de grosso calibre também passaram a ser cobiçados pelos criminosos. Integrantes de uma das gangues que age na cidade se cotizaram para comprar uma submetralhadora Tec9. Ao todo, 10 criminosos contribuíram com R$ 500 cada para a aquisição da arma.

Valiosa e com grande poder de fogo, a Tec9 era empunhada somente por gerentes de boca de fumo e integrantes de gangues que nutriam a confiança dos chefões. A arma acabou apreendida durante uma operação deflagrada pela 31ª DP, em agosto de 2016.

Além de Planaltina, cidades como Taguatinga, Ceilândia e Recanto das Emas contam com grupos que lucram com o aluguel de armas, tanto por meio do pagamento em dinheiro quanto na divisão dos produtos roubados.

Segundo o delegado-chefe da 27ª DP (Recanto das Emas), Pablo Aguiar, o caso elucidado recentemente envolvendo o empresário assassinado a mando da própria companheira retrata a facilidade para alugar uma arma. “Eles, no entanto, nunca entregam quem são os verdadeiros donos”, disse.

Aguiar comentou que os criminosos presos com armas alugadas contam a mesma versão, sempre para proteger a fonte. Todos falam que compraram em feiras livres, como a do Rolo, em Ceilândia.


Fonte - Metrópoles

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