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ESPORTE - Santa Maria recebe seus heróis paraolímpicos


Os atletas defilaram em carro aberto pelas ruas de Santa Maria
Santa Maria recebeu na terça-feira (22/11) seus guerreiros atletas que disputaram os Jogos Paraolímpicos de Guadalajara, disputados do México. O maratonista Paulo Pereira e o velocista Thiago Sousa, foram recebidos com honras de heróis. Logo na chegada à cidade, foram recepcionados por funcionários e colaboradores da Administração Regional, na pessoa do diretor de esportes Ronaldo que representou o administrador Marcinho na ocasião.

A dupla desfilou  pelas ruas da cidade em uma viatura do Corpo de Bombeiros acompanhadas por batedores da Polícia Militar e uma caravana de veículos que fizeram barulho pelas avenidas de Santa Maria.

Emocionados, não paravam de acenar e agradecer o carinho das centenas de pessoas que acompanhavam o cortejo. O destaque da caravana foram três garotos que percorreram aproximadamente cinco quilômetros a pé, correndo ao lado do caminhão do Corpo de Bombeiros que levava os atletas. Para Bruno Marques da Silva, 12 anos, acompanhar os atletas é motivo de orgulho. “Eles representaram o Brasil e merecem mais do que essa corrida que estou fazendo”, disse.

Os atletas desfilaram em carro aberto até à Administração Regional, onde foram recebidos pelo Chefe de Gabinete Euclides Ferreira Filho e pelo DAG Luiz Hogem que representaram o administrador Marcinho.

O chefe de gabinete fez questão de elogiar os atletas dizendo que “eles são o orgulho da cidade e porque não dizer do Brasil”. Também enfocou da necessidade de maior incentivo aos atletas da cidade e colocou toda a estrutura administrativa de Santa Maria a disposição dos atletas.

Em entrevista ao JSN os atletas falaram sobre a emoção de participar da competição, família e futuro. Confira:


Paulo Pereira

Feliz da vida, Paulo exibe sua coleção de medalhas
Sobrinho e filho adotivo de Zeli P. da Silva, Paulo Flaviano Pereira conheceu cedo as amarguras da vida. Filho de pais desajustados emocionalmente e de uma família carente, passou por vários percalços na sua vida, porém nem por isso deixou de lutar pelos seus sonhos. Portador de uma paralisia cerebral congênita, que paralisou parte do seu corpo e o impede de falar, Paulo ainda perdeu sua mãe logo aos 13 anos de vida, foi educado pelos avós e em seguida por sua tia de segundo grau que o adotou.

Com muita dificuldade, dona Zeli sustenta a família composta por Paulo e sua filha, hoje com 22 anos de idade e seu neto Igor de apenas 05 anos. Ela conta que a paixão de Paulo por esportes começou bem cedo. Logo que veio morar em sua residência e ao matricula-lo em uma escola de ensino especial, o jovem já despontava nas competições escolares. “No futebol era um dos melhores, porém as dificuldades de acompanhar os colegas o levou para o atletismo. Daí mostrou superação, sempre se destacando entre os demais colegas”, conta.

Nas competições em que participou, foi destaque, quebrando recordes, sempre terminando nas primeiras colocações. “hoje, no auge dos seus 26 anos é um dos principais atletas da categoria a nível nacional”, conta a eufórica “tia-mãe”.

Aluno esforçado do treinador Denis Gigante, ele é um dos principais atletas treinados pelo professor. Segundo explicou a uma emissora, Denis fez questão de elogiar o atleta. “O Paulo é um dos atletas mais completo que temos aqui no CETEFE, pois devido o grau de deficiência e limitações que possui, se destaca em todas as competições, sempre quebrando recordes. Isso demonstra a garra do atleta. Agente sente a sua força de vontade em superar os desafios. Ele já é um dos melhores do Brasil na categoria T38”, enfatizou.

A fórmula do sucesso de Paulo foi à perseverança e a vontade de mostrar, mesmo diante das várias dificuldades que enfrentou, foi possível dar a volta por cima. Emocionado e apresentando muita dificuldade na falar, balbuciou a sua felicidade em atingir o grau em que está. “A vida foi muito boa e espero retribuir tudo que consegui. Hoje sou muito grato”, disse aos sorrisos.

Sua estreia internacional foi em Christchurch, na Nova Zelândia, no Mundial, em janeiro deste ano, onde conseguiu uma de suas melhores marcas, com 55s14, na prova de 400m rasos, sua especialidade.

No Pan-americano de Guadalajara, Paulo participou dos 100, 200 e 400 metros e chegou em terceiro lugar nas três modalidades, porém a maior frustração do atleta foi disputar a corrida dos 100 metros e ter que devolver a medalha sob o argumento da organização de que a modalidade não tinha atletas suficientes para acontecer. “Porém como explicar a manutenção da premiação para os primeiro e segundo lugares. Ele concorreu e não teve culpa se a competição não tinha atletas suficientes para disputar”, disse a tia. Ela completa dizendo que a maior chateação do sobrinho, não foi nem tanto ter que devolver a medalha e sim não ser informado em nenhum momento da competição de que somente os dois primeiros seriam condecorados, inclusive ter subido ao pódio, ser aplaudido e receber a medalha, e após tudo isso “eles” vieram e tiraram a felicidade do atleta.

Outro fator que entristece a família é o pouco valor que dão aos desportistas portadores de necessidades especiais. Paulo, por exemplo, não possui patrocínio e conta tão somente com uma bolsa oferecida pelo Ministério do Esporte, no valor de 980 reais, bem como do acompanhamento para treinamento oferecido pelo CETEFE, “que é um anjo de guarda na vida do atleta”, fora isso não há qualquer outro incentivo. Segundo a tia, para poder participar de algumas competições, o atleta tem que viajar com recursos próprios e dependendo a qualificação nas provas, ou seja, “não chegar nas primeiras três colocações, nem a hospedagem é paga pela organização. Infelizmente é muito dispendioso, porém dentro das nossas limitações, nos esforçamos ao máximo para manter vivos o sonho e a força de vontade do nosso querido Paulo”, disse a tia.

Atualmente a aposentadoria da tia e a bolsa recebida por Paulo são as únicas fontes de renda da família. Zeli conta que desde o fim do casamento, não tem outra fonte a não serem estas, porém não pode contar com a bolsa recebida por Paulo, pois há outras despesas a serem empregadas pela mesma, entre as quais está a compra de medicamentos.

Com tudo isso Paulo é uma pessoa muito feliz, pelo menos foi o demonstrado durante a entrevista concedida ao JSN. Ele fez questão de mostrar o seu acervo de medalhas e troféus, bem como presenteou o jornalista com uma lembrança dos jogos de Guadalajara.
Perguntado sobre a felicidade de receber as medalhas, Paulo disse que cada uma teve um valor especial. “Cada medalha que eu recebia, me emocionava muito e agradecia a Deus por mais uma conquista”.

Pela felicidade e entusiasmo demonstrado durante a entrevista, Paulo no auge da sua simplicidade e força de vontade irá dar muitas felicidades ao povo brasileiro nas competições a disputar e já anuncia que terá surpresas no Parapam do Rio em 2016.

O atleta irá disputar o Circuito de Loterias da Caixa a ser realizado em São Paulo e pede patrocínio para custear as despesas com viagem, alimentação e hospedagem. Quem se interessar em apoiar o atleta, entrar em contato pelo telefone 3395-2658 ou pelo e-mail: Paulinho.cetefe@hotmail.com.

 
Thiago Souza

Superar os desafios, essa foi a meta de Thiago
Aos 21 anos, Thiago de Souza é um ícone do esporte paraolímpico. Velocista cadeirante desde os 14 anos, Thiago integra a seleção brasileira de atletismo paraolímpico. São dezenas de recordes e mais de uma centena de medalhas conquistadas em competições nacionais e internacionais ao longo de sua carreira.

Nos Jogos Paraolímpicos de Guadalajara foi um dos destaques, conquistando a medalha de prata no Atletismo em Cadeira de Rodas. “Foi emocionante cruzar a linha de chegada e sentir que estaria no pódio representando a minha nação. Cara, você não sabe a emoção que senti, foi algo sensacional, pois para chegar neste campeonato e em tantos outros, superei vários obstáculos”, disse.

O atleta, que nasceu com dificuldade de locomoção, teve que aprender cedo a lidar com a deficiência. Segundo sua mãe, tentava de todas as formas, participar de algumas atividades esportivas, dentre as quais tentou com sucesso a natação, sendo inclusive medalhista, não era pouco para aquele garoto franzino e vendo as dificuldades em acompanhar os demais colegas, partiu para o atletismo. E foi justamente aos 10 anos que ao participar de uma corrida (Corrida de Reis) usando uma bengala que a mãe teve certeza de que ali estava nascendo um campeão. “A partir de então, se estava difícil controlar o Thiago, ninguém mais conseguia segurá-lo”.

A mãe conta que dos investimentos para a carreira de Thiago, que desde que começou no atletismo não parou de conquistar resultados positivos. “O maior investimento na carreira do Thiago partiu dele mesmo. Sempre foi um garoto de superar desafios, pois mesmo diante das dificuldades, nunca se curvou e sempre se virou para conquistar seus objetivos”, enfatizou.
Ao chegar aos Jogos Paraolímpicos de Guadalajara, Thiago era apenas mais um entre os atletas participantes, porém começou a despontar nas baterias classificatórias até conquistar a segunda colocação, não chegando em primeiro pela diferença mínima de 58 milésimos, ou seja, “uma cadeira de rodas”. “A sensação foi tamanha e senti ali que mais um obstáculo eu havia ultrapassando. Se for comparar pela minha estrutura com as dos demais atletas, daria para ver a grande diferença, ou seja, a minha cadeira de rodas não ajudou muito, pois estava fora dos padrões de estrutura (uma cadeira velha), entre outros. Poxa, imagina você concorrer com atletas que tiveram altos investimentos, material de primeira qualidade, uma estrutura de tirar o chapéu, daí vem um Thiago da vida, com uma estrutura bem inferior, e chega à frente de muitos destes. Cara é uma emoção indescritível. Ali tive a certeza de que para vencer um obstáculo não necessita ter somente altos investimentos e sim ter perseverança e muita força de vontade”. Ele completa dizendo que vê no esporte paraolímpico uma oportunidade de mostrar suas capacidades.
Em casa a emoção foi à mesma, se não foi maior. Segundo dona Vânia, a sala da casa esteve durante toda a competição, lotada por amigos e parentes e a cada bateria classificatória, a emoção aumentava. “Quando o Thiago cruzou aquela linha, senti a mesma emoção do que se ele tivesse chagado em primeiro. Foi maravilhoso, todos na sala vibravam. Choramos e sorrimos muito, foi algo inimaginável”, disse a eufórica mãe.
Thiago fez questão de agradecer ao apoio recebido, através do Comitê Paraolímpico e ao patrocinador que custeou todas as despesas, bem como a toda família que sempre “deu forças” durante as competições.
Para o futuro, Thiago enfatiza que “esse é muito longo”. “Cada competição é uma nova emoção e eu pretendo viver muitas outras”, conta. Para finalizar o atleta deixa um convite para os fãs de todo o Brasil. “Estou esperando todos vocês nas Paraolimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e com toda certeza com mais medalhas”.

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Mural de Fotografias: (Para ampliar clique na foto)

Thiago Sousa:

 
Paulo Pereira:





A chegada em Santa Maria:












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