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CAMPANHA - COMBATE A DENGUE


SAÚDE Foi montado: Governo abre investigação sobre maquiagem

O dono da borracharia, em Brazlândia, afirma que a operação no sábado passado montou cenário para visita de Renato Santana e Alexandre Tombini

POR OTÁVIO AUGUSTO - CORREIO BRAZILIENSE

Rodrigo Rollemberg quer mais informações sobre denúncia de que evento de combate ao Aedes aegypti em Brazlândia, com presença do vice Renato Santana e do presidente do Banco Central, foi montado. ...

O avanço do Aedes aegypti desafia a atuação do governo para debelar a epidemia. Ontem, a crise se tornou política. Após denúncia do borracheiro Elder Fernandes dias, 30 anos, que de ação realizada no último sábado, em Brazlândia, teria sido “maquiada”, o Executivo local abriu investigação. O vice Renato Santana (PSD) e equipe compareceram ao evento, uma vez que o titular estava de férias. Essa é a segunda vez que o mosquito divide o governo (leia Memória). Enquanto isso, a Secretaria de Saúde montou novo hospital de campanha em São Sebastião.

A borracharia, no Setor Tradicional, funciona de maneira improvisada. Elder conta que, antes da visita do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do vice-governador, agentes ambientais perguntaram se ele tinha pneus para jogar fora, pois uma equipe recolheria. O comerciante amontoou cerca de 20 itens no quintal, que estava limpo. Militares fizeram o combate no local e reclamaram do “desleixo” — sem saber que o cenário havia sido montado. “Depois desse dia, não consegui trabalhar mais. Toda hora alguém vem aqui falar disso”, ressaltou por telefone, ao explicar que na comunidade os vizinhos passaram a criticar a “irresponsabilidade”. A família contratou um advogado para cuidar da situação. “Isso está virando uma bola de neve. A partir de agora, é ele (o advogado) quem vai cuidar desse problema. Não queremos mais falar sobre isso. Fomos envolvidos (na ação de combate à dengue) sem nem saber”, desabafou a esposa de Elder, que preferiu não se identificar.

Marli Moraes Santiago, 52, e Omaiza Bernardes, 38, acompanharam a iniciativa. As vizinhas de Elder também perceberam falhas. “Não passaram em todas as casas. Distribuíram panfletos, mas não vistoriaram os domicílios”, conta Marli. “Isso tem que ser rotineiro. Aqui (no Setor Tradicional) tem muitas casas fechadas e é comum vermos lixo e entulho pelos lotes”, criticou a dona de casa Omaiza. A dengue não dá trégua e em apenas uma semana aumentou 80,3% — são 2.161 casos. Brazlândia, São Sebastião, Ceilândia e Planaltina são as cidades que apresentam maior número contaminações, respondendo por 1.049 casos — 55% das ocorrências.

Desarranjo

Renato Santana garante que não houve alteração do governo no cenário e acredita que não tenha ocorrido contato prévio. “Quando terminamos o evento, fizemos as visitas. Havia um entulho na esquina. Fomos até lá orientá-lo, ninguém deu ‘esporro’. Quem falou com ele (borracheiro) fui eu. Disse que guardar pneu descartado é expor a família aos riscos da dengue. Eu e o ministro Tombini pegamos alguns e jogamos no caminhão. Não foi nada combinado”, rebateu o número dois do Buriti. “Se eu passar lá e tiver pneu de novo, vou falar a mesma coisa. Isso não é maquiar”, assegura Santana.

O planejamento do Dia Nacional de Mobilização contra o Mosquito Aedes aegypti, iniciativa do governo federal, ficou sob a responsabilidade dos governos locais. A equipe do cerimonial ligada a Rollemberg organizou toda a pauta. No evento, a primeira casa escolhida para ser visitada era de um servidor aposentado do Banco Central. O fato teria desagradado Tombini, conhecido por ser austero. Outro domicílio passou pela inspeção. Segundo a vice-governadoria, a borracharia não estava no roteiro da programação inicial. “A primeira cobrança foi realizar o evento na praça da administração, área que é o ‘Lago Sul’ de Brazlândia, e não em locais mais carentes. Os números de recolhimento de lixo, de casos de dengue e de focos coincidem com a situação que encontramos. Isso é maquiar?”, argumenta Renato. O Palácio do Planalto e o Banco Central não comentaram o caso.

Combate

Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e o governador, Rodrigo Rollemberg, estiveram em um colégio na Asa Sul para conversar com alunos sobre o combate ao Aedes aegypti. Além disso, Castro conheceu as pesquisas desenvolvidas na Universidade de Brasília (Leia mais na página 22). O ministro do Planejamento, Valdir Simão, também participou da ação em Samambaia. A Mobilização Nacional da Educação Zika Zero ocorreu em 115 cidades. Rollemberg cobrou mais ações de controle ao mosquito. “Tivemos um aumento de 216% de dengue até a última semana. Isso exige de nós um compromisso maior. Brasília, no ano passado, foi uma das três unidades da Federação que conseguiram reduzir os casos”, ponderou Rollemberg. À tarde, o chefe do Buriti pediu para apurar se há o envolvimento de servidores no caso de Brazlândia.
As vizinhas Marli e Omaiza reclamam que evento não contou com vistoria nas casas (Otávio Augusto/CB/D.A Press) 






Memória

Morte e críticas

A enfermeira Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, cunhada do vice-governador do DF, Renato Santana, morreu de dengue hemorrágica, também em Brazlândia. A vítima era da Diretoria de Atenção Primária à Saúde no hospital regional da cidade. Ela deu entrada às 23h de 26 de janeiro e morreu às 4h do dia seguinte. Além de passar pela unidade em que trabalhava, Cristina recebeu atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). No caso dela, faltou teste rápido para diagnosticar a doença. Renato Santana usou uma rede social para reclamar da atuação do controle do Aedes aegypti. “Quantas Cristinas morrem todos os dias pela economia equivocada, em alguns momentos, de dinheiro na crise, enquanto alguns tecnocratas persistem em não se mexer para ver que o mundo real é muito diferente da bolha de gabinetes?”, escreveu. A queixa gerou mal-estar no GDF.


Fonte - Edson Sombra

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