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Estado de criança baleada por policial civil é crítico

Servidor disparou com carros em movimento. Mãe relata direção perigosa

Foto: Sandro Araujo

Jéssica Antunes
jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br

“Meu marido desceu do carro, se ajoelhou, abriu os braços e falou: ‘Você matou meu filho’. Ele simplesmente deu a volta e foi embora”, contou, aos prantos, Paula Caxias, mãe do garoto de seis anos que foi baleado no tórax por um policial civil na BR- 070, na sexta-feira passada. De acordo com ela, não houve briga de trânsito. A família teria sido “provocada” pelo autor dos disparos, que atingiu a criança com os veículos em movimento. O menino está em estado grave, em coma induzido e respirando por aparelhos.

Na sexta à tarde, a família pegou a BR-070 rumo a Cocalzinho (GO), onde resolveria trâmites de um imóvel. Eles já tinham visto o carro branco fazendo ultrapassagem perigosa em uma curva e quase batendo em um caminhão. Em um trecho em obras, onde a pista deixa de ser dupla, o motorista teria dado várias brecadas. “Eu avisei ao meu marido que ele devia estar atrás de confusão e que quem faz isso não faz de peito aberto”, recordou a mulher, que recomendou que passasse se distanciasse.

Segundo a mãe, o policial tentou ultrapassá-los e chegou a ficar lado a lado na pista, mas não conseguiu completar a manobra. Pelo retrovisor, viu que o carro estava chegando muito perto. “Falei ‘acelera, ele deve estar querendo bater’. Calei a boca e começaram os tiros. Foi muito tiro. Quando eu entendi o que era, pedi que corresse ainda mais. Gritei para o meu filho tirar o cinto e se esconder atrás do banco. Quando meu marido o puxou para ajudar, ele já caiu. Meu filho caiu debruçado, com as costinhas cheias de sangue, roxo e gelado”, lembrou, em lágrimas.

Só então o pai da criança teria parado o carro. Enquanto o homem, ajoelhado, se desesperava, a mãe tentava fazer o menino reagir: “Eu não podia aceitar que meu filho estava morto. Eu o desvirei, ajeitei na cadeirinha e comecei a fazer massagem. Fiz massagem com muita força, a cabecinha dele balançava. Ele abriu o olho um pouco e disse ‘mamãe, eu estou com sono’ e vi que meu filho estava vivo”.

Sete horas de cirurgia

Desde sexta-feira, o menino passou por quatro unidades de saúde. Primeiro, uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na Região Metropolitana e um hospital particular em Águas Lindas. Dali, ele foi transferido de helicóptero ao Hospital de Base e, enfim, levado a uma unidade privada na Asa Norte, onde está internado. No sábado, passou por uma cirurgia durante sete horas.

De acordo com Alzira Santos, coordenadora médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Santa Helena, o garoto está em estado crítico, mas estável. “É grave e ele está em coma induzido, respirando por aparelhos. A cirurgia foi de grande porte e agora estamos aguardando a estabilização do paciente. A bala percorreu parte do tórax”, explicou. Por enquanto, não há previsão de novos procedimentos cirúrgicos e a equipe médica se diz otimista e animada. “Cada hora é uma hora. Não tem como prever nada”, ponderou a médica.

No sábado, o agente de custódia Silvio Moreira Rosa, 53 anos, autor do tiro, foi transferido da Delegacia de Águas Lindas (GO) para a unidade Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), em Goiânia (GO). Segundo a Polícia Civil de Goiás, a mudança ocorreu para preservar a segurança do preso.

Após fugir, ele foi encontrado no carro dele em uma estrada de terra. Ele não teria reagido à prisão. À corporação goiana, identificou-se como policial, disse que a arma estava dentro do carro e afirmou que disparou porque achou que sofria uma tentativa de assalto.

Histórico
Antecedentes

O policial civil tem seis ocorrências registradas em seu nome na Polícia Civil, entre 2005 e 2015, por briga, ameaça, lesão corporal, injúria e crime sexual. Sílvio Moreira Rosa começou a carreira em dezembro de 1983 e foi demitido em junho de 2001 por uma tentativa de fraude em aposentadoria. Treze anos depois, foi reintegrado à corporação por decisão administrativa do então governador Agnelo Queiroz (PT) no último dia de governo. Agora, a Corregedoria-Geral vai instaurar Processo Administrativo Disciplinar para julgar a conduta do agente de custódia lotado no Centro de Progressão Penitenciária (CPP).

Saiba mais

A mãe agradeceu pelas orações e mensagens de apoio que tem recebido desde o dia do crime. Ela pediu que as preces continuem ainda mais intensas. Dizendo ter muita fé, a mulher afirma ter confiança de que sairá do hospital com o filho vivo nos braços. Na traseira do carro da família atingido pelos tiros, a foto do garoto estampa uma propaganda da escola onde estuda.


Fonte - Metrópoles

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