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Caso Ana Lídia: Crime que chocou Brasília completa 46 anos cercado de mistérios; relembre

G1 mergulhou nos arquivos da TV Globo e mostra a história da menina que virou nome de parque, em Brasília. Ana Lídia desapareceu em 11 de setembro de 1973 e foi encontrada morta no dia seguinte.

Caso Ana Lídia: Crime que chocou Brasília completa 46 anos cercado de mistério — Foto: TV Globo/Arquivo

Neste mês de setembro, o sequestro e assassinato de Ana Lídia Braga completou 46 anos. O crime, que chocou os moradores de Brasília e chamou a atenção para a recém-inaugurada capital do país, até hoje é rodeado de mistérios.

A menina, de 7 anos, desapareceu depois de ser deixada na porta da escola. Um suspeito chegou a pedir 2 milhões de Cruzeiros para libertar a criança. Mas Ana Lídia – que hoje dá nome a um espaço infantil no Parque da Cidade – foi encontrada morta e com sinais de violência sexual.

Os pais de Ana Lídia morreram no Rio de Janeiro. Já os irmãos, um homem, que hoje tem 64 anos e uma mulher com 67, não moram mais em Brasília.

O G1 mergulhou nos arquivos da TV Globo e relembra o caso que ficou marcado por falhas de investigação da polícia e pelas suspeitas contra filhos de políticos importantes. Em 2007, o Programa Linha Direta reconstituiu a história (veja vídeo abaixo).



Programa Linha Direta da TV Globo reconstitui em 2007 o caso Ana Lídia

O desaparecimento de Ana Lídia

Era 11 de setembro de 1973. Por volta das 14h, os pais de Ana Lídia Braga deixam a menina na porta de uma escola particular, onde ela estudava, na L2 Norte, em Brasília.

Mas a criança não chegou a entrar no colégio. De acordo com um funcionário da escola, ela foi abordada por um homem alto, loiro, de cabelos compridos, que vestia blusa branca e calça verde-oliva. Os dois deixaram escola.
Carta apareceu em supermercado que funcionava ao lado do condomínio da família de Ana Lídia, no DF. — Foto: TV Globo/Arquivo
O pedido de resgate

Quando a empregada da família foi buscar Ana Lídia na escola, descobriu que ela não havia entrado no prédio. Os pais procuraram a polícia.

Na mesma noite, o delegado que investigava o caso recebeu uma ligação. Um homem dizia que estava com Ana Lídia. O suspeito pediu 2 milhões de Cruzeiros pra liberar a menina.

No dia seguinte, uma carta apareceu em um supermercado que funcionava ao lado do condomínio onde a família de Ana Lídia morava. O gerente entregou a carta para a polícia.

Nela, os supostos sequestradores pediam um resgate de 500 mil Cruzeiros – equivalente a R$ 236 mil (veja fotos abaixo). O resgate não chegou a ser pago.

De acordo com policiais que participaram das investigações, não foi feita perícia na carta e as digitais não foram coletadas.

Supostos sequestradores de Ana Lídia pediram resgate de 500 mil Cruzeiros — Foto: TV Globo/Arquivo

Supostos sequestradores de Ana Lídia pediram resgate de 500 mil Cruzeiros — Foto: TV Globo/Arquivo
O corpo encontrado

No dia 12 de setembro, o corpo de Ana Lídia foi encontrado em um matagal próximo à Universidade de Brasília (UnB). Nua, com os cabelos cortados de forma irregular e bem rente ao couro cabeludo.

O corpo estava em uma cova rasa, no cerrado. Segundo a polícia, a menina havia sido violentada. Próximo ao local foram encontrados preservativos, mas os materiais genéticos nunca foram confrontados com os suspeitos.

Havia ainda manchas roxas e escoriações pelo corpo da garota. O exame revelou também que depois de morta, a criança foi estuprada.
Corpo de Ana Lídia foi encontrado em matagal próximo à Universidade de Brasília — Foto: TV Globo/Arquivo
Irmão suspeito

O caso teve uma reviravolta após os investigadores anunciarem o envolvimento do irmão de Ana Lídia com o crime. Álvaro Henrique Braga foi apontado como suspeito de ter simulado o sequestro da menina junto com o traficante de drogas Raimundo Duque.

O objetivo seria tirar dinheiro do pai, um funcionário público. As investigações apontaram que Álvaro era o principal suspeito de ter buscado a menina na escola – ele correspondia à descrição dada sobre o homem que saiu com Ana Lídia do colégio.

Ainda pesavam sobre ele acusações de envolvimento com drogas e a suspeita de que teria dívidas com traficantes.
Álvaro Henrique Braga foi absolvido à época no envolvimento na morte de Ana Lídia — Foto: Tribunal de Justiça do DF/Arquivo
O jovem foi absolvido à época. Ao G1, passados 46 anos, o advogado Safe Carneiro, de 85 anos, que defendeu Álvaro Henrique, disse que a sentença reconheceu a inocência do seu cliente.

"Quando Ana Lídia foi deixada na escola pela mãe, Álvaro estava dentro do carro, com irmã e não saiu do carro. Em seguida o pai o levou até o Detran."

A reportagem entrou em contato com o irmão de Ana Lídia, mas ele não quis dar entrevista.
Ana Lídia Braga, de 7 anos desapareceu em 11 de setembro de 1973. Criança foi encontrada morta no dia seguinte no DF — Foto: TV Globo/Arquivo
Durante as investigações, Álvaro confessou ter consumido maconha três vezes e revelou que pediu dinheiro emprestado ao pai e aos amigos para pagar um aborto de uma namorada, que estava grávida.

Na delegacia, um funcionário do colégio onde Ana Lídia estudava confirmou que Álvaro era o rapaz que havia retirado a menina da escola.

Filho de políticos

Em 1974, por ordem da censura, o caso não foi mais divulgado pela imprensa. Foi quando surgiram os nomes de Alfredo Buzaid Júnior (o Buzaidinho), filho do então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid e de Eduardo Rezende, filho do senador Eurico Rezende, na época líder do governo.

Nada ficou provado contra os suspeitos, nem mesmo contra o irmão da menina Ana Lídia e Raimundo Duque – absolvidos pela justiça em 1974, por falta de provas no evolvimento na morte de Ana Lídia.

Em 1975, Alfredo Buzaid Júnior, de 19 anos, morreu em um acidente de carro no Paraná. Em 1990, Eduardo Rezende, o Rezendinho, cometeu suicídio, no Espírito Santo.

Raimundo Duque morreu em 2005, aos 62 anos, vítima de complicações decorrentes do alcoolismo.

O túmulo da menina, no Cemitério Campo da Esperança, até hoje recebe visitas de pessoas que levam flores e brinquedos.


Fonte - G1/DF

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