Por Celso Alonso - Agência Satélite
A oposição ao governo Lula subiu o tom e deixou claro que não aceitará manobras para barrar o projeto de anistia que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quarta-feira (17/9) que, se o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), insistir em não pautar a proposta, a reação será imediata: “Vamos parar o Senado”, declarou.
Segundo Valdemar, o bloco oposicionista conta com força suficiente para travar os trabalhos legislativos até que a matéria seja colocada em votação. Senadores do PL, PP, Republicanos, PSD e até do próprio partido de Alcolumbre já estariam dispostos a aderir à estratégia de obstrução. “Na minha opinião, a única arma que nós temos dentro da lei é a obstrução. E nós podemos parar o Senado. Isso é um prejuízo muito grande para o governo”, afirmou.
Valdemar destacou que há um movimento amplo pela aprovação da anistia, reunindo lideranças políticas de diferentes legendas. Ele citou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, entre os nomes que já se manifestaram publicamente em apoio à medida. “Não vai ser 100%, mas vamos ter a maioria. Temos União Brasil, PP, Republicanos, muita gente. A guerra vai ser grande”, reforçou.
Questionado sobre a possibilidade de um texto que beneficie apenas os manifestantes de 8 de Janeiro, excluindo Bolsonaro, o dirigente foi enfático: “Não há essa possibilidade”. Para ele, qualquer anistia só fará sentido se contemplar também o ex-presidente, alvo de uma condenação considerada pela oposição como fruto de perseguição política do STF.
Na Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), já acenou positivamente à oposição, prometendo votar o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto. Embora ainda não se discuta o mérito da proposta, o gesto foi interpretado como um avanço.
Vídeo:
No Senado, porém, Alcolumbre insiste em não levar o tema adiante, alegando inconstitucionalidade. A fala irritou parlamentares aliados de Bolsonaro, que agora preparam um movimento de pressão sem precedentes.
A ameaça de obstrução no Senado representa mais do que um impasse legislativo: é também um recado direto ao Palácio do Planalto. Ao travar votações importantes, a oposição pretende mostrar que não recuará diante das tentativas de inviabilizar Bolsonaro politicamente.
Valdemar resumiu o sentimento que tem unido diferentes partidos: “O governo tem força, tem máquina, mas nós temos votos e temos convicção. Essa luta não é só por Bolsonaro, é por milhões de brasileiros que não aceitam a injustiça que está sendo cometida”.