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Possível visita de Trump a Bolsonaro e expõe desprezo por Lula

 Por Celso Alonso - Diário de Notícias


Foto - Reprodução

BRASÍLIA - A possibilidade de Donald Trump visitar Jair Bolsonaro (PL), atualmente em prisão domiciliar, está sendo interpretada como muito mais do que um gesto de amizade pessoal. Para analistas políticos, trata-se de um movimento calculado, que reforça a relevância de Bolsonaro como aliado estratégico do republicano e, ao mesmo tempo, escancara o desprezo de Trump por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual presidente do Brasil.

De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a articulação da visita está sendo conduzida por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo apresentador Paulo Figueiredo, figuras de confiança de Trump no Brasil. O episódio ganhou fôlego após Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, sugerir publicamente nas redes sociais que o encontro serviria para reviver a “química perfeita” entre os dois líderes.

No entanto, a leitura crítica do cenário aponta para consequências mais profundas. Caso se concretize, a visita poderá ser interpretada como um ato de afronta direta ao governo Lula, reforçando a narrativa de isolamento internacional do atual presidente. Trump, ao se aproximar de um ex-mandatário condenado e judicialmente restrito, envia uma mensagem de que não reconhece Lula como interlocutor válido, preferindo manter laços com a oposição conservadora.

O gesto pode gerar repercussões diplomáticas delicadas. Autoridades brasileiras ligadas ao Itamaraty veriam na visita um elemento de constrangimento institucional, pois um ex-presidente estrangeiro estaria concedendo legitimidade internacional a um adversário político interno em detrimento do chefe de Estado em exercício. Esse cenário poderia aprofundar divisões internas, fragilizar a imagem externa do Brasil e até impactar relações bilaterais em áreas estratégicas, como comércio e cooperação militar.

Para Trump, a visita pode servir como capital político em sua campanha de retorno à Casa Branca, apresentando Bolsonaro como exemplo de “perseguição” por parte da esquerda latino-americana. Já para o Brasil, o risco é o de ser arrastado para uma disputa de narrativas externas que prioriza o jogo eleitoral norte-americano e marginaliza o papel institucional da Presidência da República.

Em resumo, a eventual visita simboliza não apenas a afinidade ideológica entre Bolsonaro e Trump, mas também a disposição do republicano em instrumentalizar o Brasil em sua própria agenda política, mesmo à custa de tensionar a diplomacia e desprezar Lula em sua função presidencial.

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