Carla Rodrigues
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A atualização das tabelas é resultado da elevação do valor de referência para a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas refinarias, o que resultará na alta dos preços cobrados também nas bombas.
Com as alterações, até os postos de gasolina, que deveriam lucrar com a decisão, acabaram punidos pela decisão do Confaz, que reúne secretários de Fazenda dos estados. No DF, asseguram os donos de postos, as vendas tiveram queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja, a paulada atinge todo mundo.
Arrecadação
“Esses seguidos reajustes no valor dos combustíveis nada têm a ver com com dólar ou Petrobras. O fato é que o Governo Federal tomou uma série de decisões, para aumentar a arrecadação, que incidiram diretamente no preço da gasolina, diesel e álcool”, explica uma fonte ligada ao ramo de combustíveis.
Por isso, salienta, o resultado das alterações tem sido negativo não só para o consumidor como para os postos e distribuidoras. “Tivemos uma brutal redução de vendas porque as pessoas acabam achando que os donos dos postos alteram o preço do combustível. Mas, essa condição atual, extremamente elevada, a gente nunca viu ”, assegura, adiantando que o reflexo das mudanças no ICMS, imposto estadual, devem ser repassadas ao clientes já na próxima segunda-feira.
Diante do cenário, o Sindicato do Comércio de Combustíveis do DF (Sindicombustíveis) criticou, em nota, os reajustes. E afirmou que a atitude “onera a revenda de combustíveis e penaliza os consumidores”. Além disso, a entidade ressaltou que o preço de bomba é fixado por cada posto, levando-se em conta a atualização da tabela repassada pelas distribuidoras de combustíveis e os seus custos de operação.
Petrobras quer recuperar perdas
Outro fator que influencia diretamente na alta dos combustíveis é o dólar. Segundo o economista da Universidade de Brasília (UnB), Renato Coelho Baumann das Neves, o Brasil importa apenas 25% do petróleo que consome, mas a Petrobras cobra preços internacionais pela sua produção. Dessa forma, a variação do dólar influencia diretamente esses custos.
“O governo, durante um bom tempo, manteve baixo o preço do combustível como forma de evitar pressão sobre a inflação. Isso fez com que quando o preço do óleo estava alto lá fora, implicasse em perdas para a Petrobras, que comprava caro e vendia barato aqui. Agora, é preciso recuperar o valor desse combustível aqui na bomba”, explica o especialista, que salienta: “O consumidor vai ter que pagar a conta. É o que acontece quando você deixa um valor represado por muito tempo.”
Para o consultor do Sindicato dos Concessionários e Distribuídores de Veículos (Sincodiv-DF) e diretor comercial da Bali Automóveis, Ricardo Braga, a situação atual dos combustíveis é constrangedora. Questionado sobre o posicionamento do entidade diante da alta, o empresário tachou o cenário de “absurdo”, e completou: “É complicado falar sobre isso agora. O brasileiro vai pagar essa conta e ponto. Não tem muito o que dizer”, concluiu.