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Aécio Neves destitui Tasso Jereissati da presidência do PSDB

Alberto Goldman assumirá interinamente o comando do partido

POR MARIA LIMA

Os senadores Aécio Neves e Tasso Jereissati - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
BRASÍLIA — O presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), destituiu nesta quinta-feira o presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati (CE), do comando da legenda. A decisão foi tomada um dia após Tasso oficializar sua candidatura à presidência do partido, na convenção que será realizada em dezembro. Aécio alegou que a decisão foi tomada para que Tasso fique nas mesmas condições que o outro candidato do partido, o governador de Goiás, Marconi Perillo. O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, um dos vice-presidentes do PSDB, irá assumir o comando do partido interinamente.

Em carta endereçada a Tasso, o senador diz que o objetivo da medida foi "garantir a desejável isonomia entre os postulantes" e "conduzir com imparcialidade a eleição" do partido. No texto, Aécio também agradece o senador por ter aceito ser presidente interino e deseja "sorte em seus futuros projetos".

Segundo Aécio, a decisão é 'legítima e necessária. Ele defendeu que a disputa pela presidência do PSDB entre Tasso e Perillo não seja polarizada com a discussão de estar ou não no governo.

— Vamos garantir que isso se dê em alto nível, discutindo aquilo que interessa ao país . Me preocupa o PSDB sair da agenda ou da vanguarda das grandes reformas que precisam ocorrer no Brasil para se limitar a uma disputa interna. Temos dois grandes nomes disputando a presidência do PSDB e agora Alberto Goldman conduzirá esse pleito com a isenção necessária — disse Aécio. — Foi uma decisão absolutamente legítima, e ao meu ver, necessária — completou.

Aécio reassumiu a presidência, mas apenas para indicar Goldman para o cargo. O tucano mineiro foi afastado do cargo em maio, após a divulgação de gravações feitas pelo dono da JBS em que ele aparece pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, com a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato. Aécio é alvo de nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). No mês passado, o Senado derubou a decisão do STF de afastá-lo do mandato.

Após se reunir com aliados, Tasso criticou Aécio que, segundo ele, não pensou no coletivo.

— Aécio não está pensando no coletivo do partido há muito tempo. Está agarrado à presidência do PSDB sabendo que sua permanência não era boa para o partido. Se pensasse no partido, não estaria agarrado e essa crise não estaria acontecendo — criticou Tasso.

A maior reação veio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Em uma nota curta, Alckmin diz que não foi consultado sobre a medida e, se fosse, teria sido contra.

— Eu não fui consultado. E se fosse, teria sido contra, porque não contribui para a união do partido — disse.

Deputados que fazem parte do grupo conhecido como "cabeças pretas" também criticaram a destituição de Tasso. O deputado Daniel Coelho (PE) afirmou que a medida foi uma “intervenção de Temer e aliados”.

“Aécio acaba de destituir Tasso da presidência do PSDB. Vergonha!!!!! Intervenção de Temer e aliados”, publicou o parlamentar em sua conta no Twitter. “Tasso não se curvou a Temer, Aécio, Bruno Araújo e outros, foi chutado. Vergonha!!!!! Nojo!!!!!”, acrescentou.

Perillo, que deve disputar a presidência do PSDB com Tasso em dezembro, afirmou que a decisão foi “correta e justa” e elogiou o nome de Alberto Goldman para o comando do partido.

“Seria antiético e nem um pouco isonômico o processo se essa decisão não fosse adotada, já que a máquina partidária poderia pender para o lado de quem estivesse no comando do partido”, afirmou Perillo, em nota.

No evento de lançamento de sua candidatura na quarta-feira, Tasso fez um discurso forte, com o mote de reconectar o partido com os “ruídos das ruas”. O senador anunciou que irá apresentar na convenção de dezembro o esboço de um programa que será a base do presidenciável do partido na eleição de 2018, elaborado por um conjunto de economistas, entre eles Edmar Bacha, Pérsio Arida e Elena Landau.

O senador cearense se reuniu na terça-feira em um almoço com a bancada do Senado e Perillo. A tentativa era evitar o aprofundamento do racha interno na convenção, mas não houve avanço. Tasso defendeu que o candidato de consenso à presidência do partido teria que assumir o compromisso de liderar a saída do governo Temer.

Atualmente o PSDB ocupa quatro ministérios: Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Bruno Araújo (Cidades) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

Segundo interlocutores do presidente, Temer já admite dar início à reforma ministerial ainda este ano, trocando de mãos não só os ministérios ocupados pelo PSDB, mas também outros. Segundo avaliações no Palácio do Planalto, se o presidente perceber que o cenário desenhado nas próximas semanas no ninho tucano for mesmo na direção do desembarque do governo, Temer tende a se antecipar ao partido e tirá-lo de sua administração. Assessores do Planalto afirmam, no entanto, que a intenção do presidente era "manter a coalizão" como hoje está. (Colaborou Silvia Amorim).


Fonte - O Globo

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