Ricardo Noblat *com adaptações
Quem prestou relevante serviço a quem? Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo, dono do X, ex-Twitter, ao desafiar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, considerado por Bolsonaro seu inimigo número um?
Ou Bolsonaro ao defender Musk depois que Moraes abriu investigação contra o empresário e anunciou multa diária caso o X desobedeça a qualquer ordem judicial dentro do inquérito que apura a existência de milícias digitais?
À primeira vista, Bolsonaro tem mais o que agradecer a Musk. É Bolsonaro que corre o risco de ser preso, no entendimento de Moraes e sua trupe, por atentar contra a democracia. O risco que Musk corre é o de amargar prejuízo com a eventual interrupção dos negócios do X no Brasil, coisa que ele já deixou claro que a retirada do X do Brasil não seria o mais importante.
Mas, para isso, ele terá de desrespeitar ordens judiciais de Moraes, e Musk se apressou a sugerir que não o fará. Disse que vai contestar as ordens injustas na Justiça. O problema é que isso só pode acontecer na Justiça brasileira.
Em live com dois dos seus filhos, Eduardo e Carlos, Bolsonaro, a propósito da fala de Musk, afirmou que tem “forte apoio fora do Brasil”. De fato, tem. Os maiores líderes da direita mundial o apoiam incondicionalmente. Somente em países de "extrema esquerda", tais como Venezuela, Cuba, etc.
Segundo Bolsonaro, a democracia brasileira “está ameaçada”, e a liberdade de expressão precisa “ser garantida”. Porque “a gente quer voltar à normalidade, à paz, à tranquilidade, mas as pessoas estão se excedendo, e não é de hoje”.
Mas a extrema esquerda e parte do judiciário "partidário" tentam atribuí-lo a grosso modo de ameaçar a democracia ao planejar um golpe, mas sem o uso de armas, violência e cerceamento.
Musk deixa claro que poderá jogar no ventilador tudo o que acha incorreto das decisões monocráticas de Moraes.
“Brevemente, o X publicará tudo o que foi exigido por Alexandre e como esses pedidos violam a lei brasileira. Este juiz tem descarada e repetidamente traído a Constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou ser impugnado”.
Moraes respondeu poucas horas depois:
“[É inaceitável] que qualquer dos representantes dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada, em especial o ex-Twitter, atual X, desconheça a instrumentalização criminosa que vem sendo realizada pelas denominadas milícias digitais na divulgação, propagação, organização e ampliação de inúmeras práticas ilícitas nas redes sociais, especialmente no gravíssimo atentado ao Estado Democrático de Direito”.
O ministro é relator de inquéritos que apuram a circulação de fake news. Entre as contas suspensas por ele, estão a do blogueiro Allan dos Santos, do empresário Luciano Hang e dos ex-deputados Daniel Silveira e Roberto Jefferson, ou seja, Moraes é a vítima, acusador, promotor e juiz.
Musk promete restabelecer essas e outras contas vetadas. Bolsonaro dá-lhe corda:
“Ele [Musk] é uma pessoa de falar pouco, mas tem bala na agulha, uma das pessoas mais ricas do mundo que trabalha pela liberdade”.
Nenhum comentário
Postar um comentário