Para o jornal, esta é uma luta entre um Supremo politizado e críticos do presidente Lula
MYLLENA VALENÇA
Um dos assuntos mais comentados do mundo no momento, a batalha entre o dono do Twitter/X, Elon Musk, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi tema da coluna de opinião do jornal norte-americano Wall Street Journal, no último domingo, 14.
Ao analisar o processo judicial no qual Musk foi inserido por defender a liberdade de expressão no Brasil, a jornalista Mary Anastasia O’Grady afirmou que o empresário é uma “resistência aos bloqueios do judiciário brasileiro, que comete censura com os instrumentos do Estado”.
Para o WSJ, ao incluir o sul-africano na “investigação da milícia digital”, a Corte pretende “descobrir uma suposta conspiração”.
“Esta é uma luta entre um Supremo Tribunal politizado e críticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu o jornal. “Isso mostra que o Brasil não tem mais um judiciário independente. A triste realidade é que sua democracia está morrendo à luz do dia”, criticou o texto.
Mary Anastasia O’Grady disse ainda que o tribunal quer “calar os formadores de opinião” cuja visão política a Corte discorda, mas que alcançam milhões de pessoas por meio de plataformas como o Twitter.
“Muitos brasileiros, juntamente com Musk, acham isso antidemocrático e acham que o ministro de Moraes age como um tirano que acredita que seu lado detém a verdade”, analisou a colunista. Ela destacou ainda que o temos dessas pessoas é que “um tribunal com tanto poder arbitrário seja um perigo muito maior para a liberdade brasileira do que qualquer voz independente.
Na moderna democracia liberal, a liberdade de expressão atua como um freio ao poder absoluto.
‘Escândalo de corrupção’
Lula condecora Alexandre de Moraes com a medalha da Ordem do Rio Branco
| Foto: Ricardo Stuckert/PR
A jornalista citou “o maior escândalo de corrupção e suborno da história do Hemisfério Ocidental”, protagonizado por Lula e o PT, que expôs a criminalidade da classe política e de seus amigos da comunidade empresarial. Também lembrou que, em 2018, os brasileiros elegeram o presidente Jair Bolsonaro para “limpar a casa”.
“Bolsonaro é um ex-capitão do exército com um estilo rude que pode ser grosseiro, mas a principal transgressão dele foi sua promessa de proteger a propriedade privada, restaurar a lei e a ordem e desafiar a política de identidade”, destacou a publicação.
Ela fala ainda dos conservadores sociais, libertários, classes trabalhadora e média, empreendedores e agricultores, que estavam “cansados do socialismo democrático” quando elegeram Bolsonaro. “Muitos estavam dispostos a ignorar suas falhas em troca de se livrar do Partido dos Trabalhadores, mas a mídia tradicional os chama de ‘extrema direita’.”
Culto a Lula
Para o WSJ, além de o Supremo Tribunal Federal ter anulado a condenação de Lula e o ter libertado da prisão, o “culto” à personalidade de Lula sobreviveu ao “escândalo de corrupção multimilionário ocorrido durante os 13 anos de governo”.
“Não surpreendentemente, seus críticos enlouqueceram, compartilhando sua indignação na internet, e Moraes vinha silenciando os opositores de Lula há meses, convidando os brasileiros a denunciar seus vizinhos”, relatou o jornal.
A coluna fala dos casos de pessoas com contas bancárias congeladas, dos que tiveram de recorrer ao exílio, dos que tiveram passaportes cancelados e das prisões aos que ousaram questionar a legitimidade da vitória eleitoral de Lula. Em todos esses episódios, “o denominador comum foi a falta de devido processo legal”.
Tudo isso porque o tribunal eleitoral aprovou uma resolução concedendo a si próprio o poder de policiar a internet e, dessa forma, ordenou a remoção dos conteúdos que não gostasse nas plataformas digitais.
Foi então que, em 6 de abril, Elon Musk se rebelou. Na semana passada, o empresário desbloqueou algumas contas e ameaçou, inclusive, divulgar sua comunicação com o tribunal. Para o Wall Street Journal, esta é “uma prestação de contas que os brasileiros merecem ver”.