No especial “Meu lugar favorito de Brasília”, o artista revela como o Parque Ana Lídia moldou a infância e despertou a vocação nas artes

Brasília é feita de monumentos e de memórias. De espaços amplos, céu generoso e histórias que crescem entre superquadras e cerrados. Quando se fala em memórias afetivas, o coração do artista goiano Toninho Euzébio, que vive no quadradinho desde 1972, aponta para um cantinho muito específico: o Parque Ana Lídia, dentro do Parque da Cidade. É ali, em meio ao verde, que ele viveu os primeiros encantos que mais tarde desaguariam na carreira artística.
“Gosto demais dos espaços da cidade, mas escolhendo um, diria que é o Parque da Cidade. E fazendo um recorte ainda maior, o Parque Ana Lídia, onde tem o Foguetinho”, destaca Toninho.
Espaço de imaginação e liberdade
Mais do que um espaço de lazer, o Parque Ana Lídia foi um território de construção emocional para o artista. Ele recorda que o tio ia trabalhar e as crianças ficavam por ali, administrando o lanche e os conflitos – momentos que hoje são lembrados com gargalhadas.
“Eu, minha irmã e meus primos passávamos horas ali. Brincávamos no Foguetinho, nas cabanas de índio, e inventávamos histórias. Foi um espaço de muita imaginação e liberdade. Aquele lugar me ensinou sobre colaboração, independência, trabalho em equipe. E isso ficou.”Toninho Euzébio, artista
Morador da Asa Sul, Toninho costuma caminhar pelo Parque da Cidade. Sempre que passa pelo Foguetinho, conta que sorri — não apenas pela lembrança, mas pela confirmação de que certos lugares permanecem dentro da gente.
Inclusive, as criações artísticas dele dialogam com esse menino que brincava de inventar mundos. Brasília, com alma coletiva e concreto poético, é tanto cenário quanto personagem da vida de Toninho Euzébio: “Há um desenho que fiz para um painel instagramável que tem justamente o foguetinho que tanto brinquei na infância.”
Arquivo pessoal

Primeiro prêmio veio na Escola Parque
Outro espaço que ele carrega na memória é a Escola Parque da 108/109 Sul, cenário do momento em que se viu, pela primeira vez, como artista.
Durante uma edição da Feira de Artes e Ciências de Brasília (Facibra), ele foi selecionado para representar o Guará, onde morava. Foi lá que recebeu o primeiro prêmio por um desenho. “E hoje, desenhar virou minha profissão”, ressalta, com emoção.
Arquivo pessoal

Pelo Brasil e o mundo
Toninho é conhecido na capital federal pelas ilustrações cheias de cor, leveza e afeto. Os traços já estamparam exposições no Supremo Tribunal Federal, campanhas públicas e até fachadas de prédios — como a do edifício-sede da Poupex, no Setor Militar Urbano, onde ele fez uma intervenção artística que se tornou parte da paisagem. Há murais também no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
As obras do artista transitam entre o urbano e o lúdico, dialogando com a arquitetura modernista e com a rotina de quem habita a capital.
A arte de Toninho Euzébio também já cruzou fronteiras. Ele participou de exposição coletiva com obras sobre Brasília na Semana de Arte de Nova York, em 2018. Outras cidades por onde as criações dele já passaram incluem Barcelona, Zurique, Palma de Maiorca, Miami e Tóquio.
Agora em maio de 2025, o artista estará em Berlim com uma obra sobre o ipê, selecionada para concorrer a um prêmio. “Eu levo Brasília comigo”, afirma Toninho.