Por Satélite Notícias
Em meio a um visível desgaste político e institucional do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, as denúncias feitas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ganham destaque e reacendem o debate sobre o papel do Judiciário e as acusações de perseguição a opositores.
Tagliaferro afirma que está na posse de informações que comprovariam o uso político do aparato judicial e até um possível conluio entre STF e Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele diz que só não tornou tudo público antes por temer pela própria vida e pela segurança de sua família.
O episódio agrava um cenário já delicado para Moraes. O ministro enfrenta críticas internas, sinais de isolamento dentro do STF — evidenciados pela ausência de todos os ministros na carta de apoio a seu nome — e sanções impostas pelos Estados Unidos sob a Lei Magnitsky, uma medida de forte impacto internacional. Para analistas, a soma desses fatores desgasta não apenas a imagem de Moraes, mas também a confiança no próprio Judiciário brasileiro.
“Alexandre de Moraes está enfraquecido”, avalia o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec-BH. “Há indícios de racha interno e isso aumenta a força das denúncias, que podem ter efeitos profundos se confirmadas.”
A Gazeta do Povo revelou que, em 31 de março de 2024, Tagliaferro enviou uma mensagem de WhatsApp à esposa dizendo: “Se eu falar algo, o ministro me mata ou me prende”. O registro reforça o clima de intimidação que ele afirma enfrentar desde que teve acesso a informações sensíveis.
A situação é comparada aos desdobramentos da Operação Lava Jato, quando conversas reveladas entre membros do Judiciário e do Ministério Público resultaram na anulação de condenações pelo próprio STF. Se confirmadas, as acusações de Tagliaferro poderão marcar um divisor de águas, expondo o que ele descreve como “lawfare” — o uso da Justiça como arma política.
Em abril, Tagliaferro foi indiciado pelo suposto vazamento de mensagens internas entre integrantes do STF e do TSE, na época em que Moraes presidia a Corte Eleitoral. Desde então, evitou a imprensa e não compareceu ao Senado, apesar de convocação. Em áudio reproduzido pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Comissão de Segurança Pública, ele afirmou que, “no momento oportuno”, estará pronto para responder a todas as perguntas e apresentar o que sabe.
A expectativa, agora, é pela divulgação das provas prometidas, que podem intensificar ainda mais o desgaste de Moraes e gerar um impacto profundo sobre a credibilidade do Judiciário brasileiro.
