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Diálogos: Caiado afirma que manutenção da crise favorece Lula, enquanto João Campos sai em defesa do presidente

Governador de Goiás e prefeito do Recife encerram a semana de debates promovidos pelo jornal com lideranças políticas sobre polarização e os caminhos para o futuro do país

*com informações Rafaela Gama e Bernardo Mello — Rio de Janeiro
Ronaldo Caiado e João Campos são os convidados da série Diálogos O GLOBO nesta sexta-feira


O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou nesta sexta-feira (1º), durante o evento Diálogos O GLOBO, que a permanência da crise comercial com os Estados Unidos "interessa" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao apontar que o petista teria ganhado popularidade ao se posicionar contra o presidente americano Donald Trump. Já o prefeito do Recife, João Campos (PSB), defendeu a atuação do presidente e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), destacando que o objetivo do governo federal é resolver o impasse.

As declarações foram feitas na mesa de debates mediada pela jornalista Vera Magalhães, que encerrou a série de encontros da semana com lideranças políticas de diferentes espectros ideológicos.

— Essa crise interessa ao Lula porque houve crescimento na sua popularidade nas pesquisas. Mas é uma crise que pode trazer consequências econômicas graves e não pode ser tratada com leviandade — declarou Caiado.

Em contraponto, João Campos afirmou que o governo busca uma solução concreta para o impasse e acusou o grupo político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro de tentar desviar o foco:

— Lula tem plena consciência da gravidade da situação e está empenhado em encontrar alternativas. O problema é que os Estados Unidos, neste momento, se recusam a dialogar. O presidente quer resolver isso rapidamente — disse o prefeito. — É preciso ter clareza de que há uma tentativa de criar uma cortina de fumaça ao atacar as instituições e transferir a responsabilidade para o processo envolvendo Bolsonaro.

Ao comentar as sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Caiado criticou os excessos de ambas as partes e também a decisão do magistrado de impor o uso de tornozeleira eletrônica a Bolsonaro:

— O remédio que cura é o mesmo que pode matar. O problema está na dosagem. Perderam a medida dos dois lados. A tornozeleira era desnecessária, assim como a sanção Magnitsky. Ao se deteriorar o relacionamento, perde-se a noção da gravidade dos danos. Não devemos discutir apenas os sintomas, mas sim as causas — afirmou o governador.

União Brasil deve romper com o governo

Caiado também anunciou que o União Brasil deve oficializar seu rompimento com o governo federal na próxima reunião da executiva da sigla, decisão articulada em conjunto com o PP.

— Conversei com o presidente do União, Antônio de Rueda, e com Ciro Nogueira, do PP. A expectativa é que, na próxima reunião da executiva, seja formalizada a saída do partido da base do governo. Não há mais espaço para ambiguidade. Vamos entregar os cargos e anunciar a pré-candidatura para 2026 — afirmou.

O governador também criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, acusando o governo federal de tentar centralizar atribuições dos estados sem ter a devida capacidade operacional:

— A PEC foi um presente de Natal para o PCC. Tanto é que a proposta foi esvaziada. O objetivo era subordinar as políticas estaduais à esfera federal, que não tem estrutura nem histórico de atuação eficaz nessa área — disse.

João Campos, por sua vez, reconheceu a importância da atuação dos municípios e estados no tema, defendendo uma política pública robusta e equilibrada:

— Tanto a esquerda quanto a direita enfrentam dificuldades nesse tema. É necessário equilíbrio e firmeza. Não se pode ceder ao crime. As UPPs, no Rio, levaram à migração de facções para outros estados. Em Pernambuco isso não aconteceu porque havia uma política de segurança territorial forte — argumentou.

Série de debates

A rodada final da série Diálogos O GLOBO trouxe diferentes visões sobre os principais desafios do país, em especial a polarização política e os impactos da crise internacional. Na segunda-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), abriram os debates com críticas comuns ao ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente em relação ao "tarifaço" imposto por Donald Trump e à defesa de uma anistia ampla. Apesar de posições distintas em relação ao governo Lula, ambos cobraram maior rigor na condução da política fiscal e manifestaram apoio à reforma do Imposto de Renda.

Na quinta-feira, os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Rafael Fonteles (PT), do Piauí, divergiram sobre os desdobramentos diplomáticos da crise com os EUA, embora tenham concordado quanto aos seus efeitos econômicos.

— A proposta do Diálogos O GLOBO é ir além das divergências ideológicas e buscar consensos em áreas cruciais como educação, sustentabilidade, responsabilidade fiscal, inovação e o futuro do trabalho — afirmou a mediadora Vera Magalhães

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