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CLDF - MACHISMO NÃO

Motta recua e mantém foro privilegiado, frustrando expectativa de fim do privilégio político

Presidente da Câmara evita enfrentar tema que poderia limitar blindagem parlamentar e privilegia “pauta da pacificação”

Da Reação


O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mais uma vez deixou de lado uma das principais demandas da sociedade: o fim do foro privilegiado para parlamentares. Apesar do acordo costurado na semana passada por líderes do Centrão e deputados bolsonaristas, Motta decidiu não incluir a proposta na pauta desta semana, sob a justificativa de falta de consenso.

A decisão frustra não apenas a oposição, mas também setores que veem no foro privilegiado um símbolo da impunidade política. A medida, que poderia acabar com a prerrogativa de políticos serem julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal, segue engavetada. A justificativa oficial é “esperar o momento certo” — uma expressão recorrente no Congresso para deixar temas polêmicos morrerem no tempo.

Enquanto líderes como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) pressionavam pela votação imediata, Motta evitou o embate e sinalizou desconforto com acordos feitos sem sua participação. Nos bastidores, parlamentares afirmam que parte da resistência vem do receio de que, sem o foro, muitos políticos teriam seus processos acelerados na Justiça comum, onde a influência política é menor.

Críticos acusam o presidente da Câmara de atuar para proteger colegas e a si próprio, retardando mudanças que atingiriam diretamente a classe política. “O acordo era pautar o fim do foro e aprovar nas duas Casas. Assim, a gente tira a corda do pescoço dos parlamentares”, declarou Sóstenes, num raro momento de sinceridade sobre os reais interesses em jogo.

No lugar de enfrentar um tema que afeta diretamente a credibilidade do Congresso, Motta preferiu priorizar a chamada “pauta da pacificação”, debatendo, nesta quarta-feira, a “adultização de crianças nas redes sociais” — assunto relevante, mas que não estava no centro da crise política da Casa.

Enquanto isso, propostas aguardadas pela população, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, também ficaram de fora. A sensação entre críticos é de que o presidente da Câmara administra a pauta de forma a evitar desgaste com o Judiciário e proteger a elite política, deixando para depois — ou para nunca — qualquer medida que reduza privilégios.

Com o adiamento, o fim do foro privilegiado volta para a prateleira das promessas adiadas, reforçando a percepção de que, no Congresso, a blindagem política continua sendo prioridade número um.

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