"Máfia do Apito", documentário da Globoplay, relembra escândalo e a polêmica dos 11 jogos anulados e pênalti não marcado em Tinga
Por Redação do ge — Porto Alegre

O documentário “Máfia do Apito”, lançado pela Globoplay, reacende uma das maiores polêmicas do futebol brasileiro. Vinte anos após o escândalo de arbitragem que marcou o Brasileirão de 2005, o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho admite influência no título nacional.
Eu mudei o campeão brasileiro. Sem a máfia do apito, a equipe campeã seria o Internacional, o campeão seria o Internacional"
— Edilson Pereira de Carvalho, ex-árbitro
A série de três episódios relembra o esquema de manipulação de resultados envolvendo apostas ilegais. Edilson foi o pivô do escândalo, e 11 partidas comandadas pelo árbitro foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O Inter teve um jogo anulado e repetiu a vitória por 3 a 2 sobre o Coritiba. Já o Corinthians, que havia perdido os dois jogos anulados, somou quatro pontos ao vencer o Santos e empatar com o São Paulo. O time paulista ficou três pontos à frente do Internacional, segundo colocado.
Dualib também reconhece injustiça
Em áudio reproduzido no documentário, o então presidente do Corinthians, Alberto Dualib, também reconhece que o título deveria ter sido do Colorado:
– Ganhou, mas se não fosse a merda da anulação dos 11 jogos, nós estávamos fora. O campeão de fato e direito seria o Internacional– diz Dualib.
Pênalti em Tinga
Além dos jogos anulados, outro episódio marcante foi o empate em 1 a 1 entre Inter e Corinthians na antepenúltima rodada. O árbitro Márcio Rezende Freitas não marcou pênalti de Fábio Costa em Tinga e ainda expulsou o jogador colorado. No documentário, ele admite erro de posicionamento.
– Corri errado, estava mal posicionado. Fizemos a súmula e, na hora que saí, estava toda a imprensa me esperando. Ué! Deu merda – recordou Márcio no documentário.

Em 2005, Tinga reclama de pênalti de Fábio Costa no jogo Corinthians X Internacional
O ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, relata que Rezende pediu desculpas no dia seguinte.
— Ele me pediu desculpas, mas eu mandei ele longe.
O lance, até hoje lembrado pelos colorados, já virou até fantasia de Tinga e a esposa, inclusive. Ambos foram a uma festa com roupas em referência ao episódio. No documentário, Edilson Pereira de Carvalho também critica o erro de Márcio Rezende.
(O Márcio Rezende) Errou três vezes em um lance só: não deu o pênalti, não expulsou o Fábio Costa e expulsou o Tinga"
— Edilson Pereira de Carvalho
Apesar da irritação com Márcio Rezende, Carvalho faz questão de separar os episódios. Deixa claro que o árbitro da partida no Pacaembu não estava comprado como Edilson.
– O erro do Márcio Rezende não faz parte da máfia. São coisas diferentes. O título do Corinthians tem um asterisco – pondera Carvalho.
Depois do vice-campeonato do Brasileiro de 2005, o Inter teve uma temporada dos sonhos no ano seguinte. Conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes em 2006, embora o Brasileirão de 2005 seja sempre lembrado pelos torcedores do Inter como uma ferida.
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Edilson Pereira de Carvalho foi o pivô da máfia do apito — Foto: Leonardo Lourenço