Por Celso Alonso - Agência Satélite
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a adotar um tom de confronto internacional ao provocar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cerimônia que marcou o início da integração de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O evento, realizado em Brasília nesta quarta-feira (10/9), contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e foi marcado mais por discursos políticos do que pelo anúncio técnico.
Lula declarou que o Brasil é “soberano e dono do seu nariz” e ironizou Trump, sugerindo que o republicano deveria visitar o sistema energético brasileiro para “aprender com o exemplo”. As falas ocorrem um dia após a Casa Branca endurecer o tom contra o Brasil, em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
As declarações de Lula foram vistas por críticos como mais uma demonstração de descuido diplomático. Ao invés de manter prudência nas relações internacionais, especialmente diante das ameaças vindas dos Estados Unidos, o presidente preferiu apostar em provocações públicas que podem fragilizar ainda mais a imagem do Brasil no cenário global.
O próprio gesto de transformar a inauguração de uma obra de infraestrutura — um projeto de R$ 2,6 bilhões com impacto direto no sistema energético nacional — em um ato político contra Trump reforça a percepção de que Lula tem utilizado eventos oficiais como palanque ideológico.
Enquanto o governo celebra a previsão de economia de R$ 500 milhões anuais com a obra e promete maior segurança energética para Roraima, Lula desviou o foco ao direcionar suas falas para disputas ideológicas. A crítica recorrente é que o presidente prefere alimentar embates internacionais em vez de priorizar o debate interno sobre os reais desafios energéticos, como a tarifa de luz cara, os subsídios ineficientes e a dependência de combustíveis fósseis.
Analistas políticos avaliam que a retórica de Lula pode agravar tensões com Washington, colocando o Brasil em rota de colisão com um dos países mais influentes do mundo. Em vez de buscar diálogo e fortalecimento de parcerias, o petista insiste em discursos de enfrentamento, que reforçam a imagem de um governo mais preocupado em marcar posição ideológica do que em defender interesses concretos da população.
Para opositores, há ainda um claro contraste entre o discurso de soberania de Lula e a prática de sua gestão. O presidente insiste em afirmar que o Brasil “é dono do seu nariz”, mas mantém forte dependência de investimentos estrangeiros e recorre constantemente a negociações internacionais para sustentar sua política econômica.
A inauguração do Linhão Manaus-Boa Vista, que deveria ser um marco técnico e estratégico, acabou se tornando palco para mais uma polêmica diplomática, evidenciando a dificuldade do governo em separar ações de Estado de discursos políticos.
