Por Celso Alonso
Aline Massuca/Metrópoles
O ex-vereador, ex-policial militar e influenciador digital Gabriel Monteiro voltou ao centro de mais um capítulo de embates judiciais e políticos no Rio de Janeiro. O Ministério Público do Estado (MPRJ) ingressou com nova ação acusando Monteiro de improbidade administrativa, sob a alegação de que ele teria utilizado servidores de seu gabinete, à época em que estava na Câmara Municipal, para produzir conteúdo destinado às suas redes sociais.
Segundo o MPRJ, os vídeos teriam gerado cerca de R$ 2,3 milhões em ganhos pessoais, e, por isso, o ex-parlamentar deveria ressarcir os cofres públicos e responder às penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa. A acusação afirma que os funcionários participavam de todas as etapas de produção — da preparação às gravações e edições — e que o material audiovisual não teria relação direta com o mandato, mas sim com a monetização de plataformas como YouTube, Facebook, Instagram, TikTok e o portal GabrielMonteiro.TV.
Uma escalada que parece não ter fim
Para aliados e apoiadores do ex-vereador, porém, o novo processo se soma a uma sequência de medidas que, na prática, configurariam uma verdadeira “caça às bruxas” contra uma figura que ganhou notoriedade ao enfrentar, com vídeos de fiscalização e denúncias populares, interesses de setores da política fluminense.
Desde que foi cassado em 2022, Monteiro tem acumulado processos, acusações e julgamentos que, para seus defensores, extrapolam o campo jurídico e revelam uma tentativa sistemática de destruição política. Eles veem um padrão: denúncias sucessivas, exposição midiática intensa e tentativas de inviabilizar o retorno do ex-vereador à vida pública.
Gabriel Monteiro construiu, antes mesmo da carreira política, uma base digital poderosa, com milhões de seguidores e amplo alcance nas redes. Mesmo com acusações e prisões contra ele, segue acumulando visualizações expressivas e mantendo forte presença discursiva entre jovens, conservadores e eleitores descontentes com a política tradicional.
Nesse sentido, apoiadores afirmam que, em vez de uma análise isenta dos fatos, o que existe é uma ofensiva para reduzir sua influência, desgastar sua imagem pública e afastá-lo de qualquer possibilidade de disputar eleições novamente.
A ação ingressada pela 3ª Promotoria do Patrimônio Público pede a condenação de Monteiro com base no artigo 9º da Lei de Improbidade Administrativa, que trata de enriquecimento ilícito, além do ressarcimento de valores supostamente acrescidos ao patrimônio do ex-vereador.
Enquanto o Ministério Público sustenta prejuízo ao erário e uso indevido de mão de obra pública, a defesa de Monteiro tende a argumentar que o processo se soma a um ambiente de perseguição institucionalizada e que a produção de conteúdo fazia parte de sua atuação parlamentar de fiscalização, comunicação com eleitores e prestação de contas.
Para observadores, o caso não é apenas jurídico: tornou-se simbólico. De um lado, uma acusação formal baseada em normas administrativas; de outro, uma leitura de guerra política e tentativa de silenciar uma das figuras mais polêmicas e influentes da nova direita carioca.
Independentemente do resultado, o episódio reforça uma certeza: a disputa em torno de Gabriel Monteiro está longe de acabar — e cada nova ação judicial parece reacender o debate entre quem o vê como criminoso e quem enxerga nele o alvo de mais um capítulo de uma “caça às bruxas” política e institucional.
