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Menor contou à Justiça que mentiu em depoimento sobre crime na Lagoa porque foi ameaçado por policiais

Dois dos três menores acusados de participar da morte de Jaime Gold aparecem juntos numa foto em uma piscina. Foto: Reprodução / reprodução

Rafael Soares

Em depoimento à juiza Michelle de Gouvea Pestana Sampaio, da Vara da Infância e da Juventude, o segundo menor a ser apreendido pela Divisão de Homicídios (DH) acusado do assalto que terminou na morte do médico Jaime Gold, na Lagoa, Zona Sul do Rio, afirmou que mentiu em seu primeiro relato, na sede da especializada, porque foi ameaçado por policiais. O adolescente, de 15 anos, havia confessado aos agentes da DH no último dia 27 que participou do crime e apontou X., de 16 anos, como o outro responsável pelo assalto. Já na última segunda-feira, ele voltou atrás, inocentou X. e apontou o terceiro menor apreendido como coautor do crime.

No depoimento, ele disse estar com muito medo e que não pode apontar os policiais autores das ameaças. Além da juíza, duas promotoras, defensores públicos e os advogados de X. ouviram o relato.

Durante o depoimento, o adolescente ainda contou que sua família também passou a ser ameaçada após sua apreensão. Entretanto, ele afirma que não pode detalhar como foram feitas essas ameaças. O menor só afirma que, durante uma visita no último final de semana, no Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase), na Ilha do Governador — onde está internado há duas semanas —, sua mãe contou que “uns caras” estiveram na casa da família, na Baixada Fluminense. Segundo ele, a mãe só disse que os homens que fizeram as ameaças a ela e à irmã do garoto se apresentaram com roupas comuns.

Jovem se entregou à DH na noite de quarta-feira. Foto: Pedro Teixeira/ O Globo

Foi a própria mãe do menor — que abandonou a escola aos 13 anos, fugiu de casa e passou a viver nas ruas do Centro — quem decidiu entregar o filho. Após ele ter procurado a família materna, que deixou a favela do Arará há dois anos para morar na Baixada Fluminense, a mãe procurou a Secretaria municipal de Desenvolvimento Social, que intermediou a entrega.

No depoimento à Justiça, ele disse que na viatura em que foi levado da casa da mãe só havia policiais civis. Em outro carro, da secretaria, foram seus parentes, que assistiram ao depoimento na especializada. Segundo o advogado Rodrigo Mondego, da OAB, que acompanhou a entrega, no veículo em que o menor foi levado estavam três agentes e a delegada Patrícia Aguiar, responsável pelo caso. Após o depoimento, Patrícia anunciou que o caso estava encerrado.

Da Lagoa a Manguinhos de bicicleta

Já o terceiro menor apreendido deu, em seu depoimento à Justiça, mais detalhes sobre o crime. Ele repetiu o teor de seu relato à DH e apontou o segundo menor como autor das facadas. Entretanto, acrescentou informações sobre o trajeto até a Lagoa, na Zona Sul, e a volta a Manguinhos, na Zona Norte. Segundo o adolescente, os dois entraram num ônibus em São Cristóvão com uma bicicleta às 18h20m, chegaram à Lagoa por volta das 19h e, depois, voltaram com duas bicicletas — uma delas, a do médico —, pedalando pela cidade.

O menor chega à DH logo após ser apreendido. Foto: Fábio Rossi / O Globo

O jovem afirma ter feito um trajeto de 19 quilômetros, passando por vários bairros. Após cometerem o crime, os dois pedalaram na direção do Túnel Rebouças. Ao invés de atravessarem o túnel, eles passaram por bairros da Zona Sul, pelo Centro, Maracanã e Benfica antes de chegar a Manguinhos. Ele conta que só soube da morte do médico no dia seguinte, por um amigo. Sobre o momento do crime, ele afirma que estava conduzindo a bicicleta e quem portava a faca na ocasião era o segundo menor.

O segundo menor também esclarece que conhece o quarto adolescente apontado por X. como autor do crime, mas diz que ele não tem envolvimento com o caso. Em depoimento na DH dois dias depois do crime, X. apontou o terceiro menor a se entregar e um quarto como autores do crime. Na ocasião, ele citou o apelido do dois jovens e ainda afirmou que eles estariam circulando com a bicicleta do médico pelo Jacaré.



Fonte - Extra Rio

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