Falta
de atendimento na rede pública do Distrito Federal está aumentando a cada dia e
população sofre pela omissão e a falta de gestão da pasta.
A
cada dia que passa a situação na saúde pública do Distrito Federal está piorando
sistematicamente, chegando ao ponto de hospitais públicos recusarem pacientes
por falta de médicos e estrutura física, é o que vem acontecendo constantemente.
A última recusa aconteceu recentemente no Hospital de Santa Maria.
Devido
ao estado de calamidade que está se tomando conta da saúde pública, moradores
da capital federal estão buscando atendimento em cidades vizinhas do entorno, consideradas
anteriormente, de extrema carência e altamente dependentes de Brasília para
tudo. Porém, nesse momento de precariedade, são essas cidades que estão
suprindo as necessidades da população do DF em questão de saúde pública.
Em
Novo Gama por exemplo, dos atendimentos realizados no setor de pronto
atendimento, apenas 35% em média, foram de moradores locais, os demais foram de
moradores de outras cidades, especialmente de Santa Maria, aonde vários setores
do hospital estão fechados devido à falta de profissionais, entre os quais a
pediatria, gene-obstetrícia e o Pronto Socorro o único que ainda funciona
precariamente, chegando ao ponto de ter apenas um profissional para atender toda
a demanda, bem como a falta de material para alguns procedimentos.
Na
quinta-feira (08), um paciente transladado da cidade de Novo Gama, em estado
grave, foi recusado ao chegar na unidade de Santa Maria sobre o argumento de
que não haviam médicos para atendê-lo. Realidade bem diferente da cidade goiana,
pois, todos os pacientes do DF são atendidos pelo serviço de saúde do município.
Todavia, o atendimento em Novo Gama só não é mais amplo, devido não haver um
setor especializado em atendimento emergencial e UTI, daí a necessidade de
deslocamento de pacientes para a capital federal. Porém, a chegar aqui, o
paciente é recusado devido não haver médicos para atender nem os pacientes
daqui, que estão morrendo nas filas, quanto mais os oriundos de outras cidades.
Ao
ser recusado em Santa Maria, o paciente começou uma via sacra em uma ambulância
do município até ser aceito em outra unidade de saúde do DF. “Infelizmente
estamos fadados conviver em meio a omissão. A saúde está morrendo”, disse um
acompanhante de paciente.
UTI de Santa Maria desativadas por falta de médicos e material |
Imagens
feitas por funcionários da rede pública e mostradas por uma emissora de TV no último
dia 12/05, mostram leitos de UTI que foram desativados, nos hospitais de Santa Maria e
de Samambaia.
Nos vídeos feitos com celular é possível contar 31 vagas interditadas nas duas
unidades. Segundo a Secretaria de Saúde, faltam profissionais e estrutura para
as alas de internação.
Na época o governador Rodrigo
Rollemberg afirmou que o GDF estava empenhado em resolver o problema. "Eu
determinei ao secretário de Saúde que apresentasse à governança as condições
para que, num prazo curto, a gente possa reabrir esses leitos de UTI."
Em nota, a Secretaria de
Saúde afirmou que os leitos foram fechados por "falta de profissionais,
equipamentos ou adequação da estrutura". A pasta disse garantir que novos
respiradores artificiais seriam comprados para restabelecer o atendimento na
UTI de Santa Maria, mas não detalhou o que seria feito na unidade de Samambaia.
Enfim, ao final nada foi resolvido e a UTI continua fechada após quase dois
meses.
Recentemente
o governador Rodrigo Rollemberg anunciou que o governo irá construir mais dois
hospitais na capital, um no Gama e outro na Ceilândia. O anuncio não foi bem
recebido por algumas pessoas que não entenderam o porquê de construir novas
unidades sem que o governo consiga manter o funcionamento nos hospitais já
existentes. “O problema não é espaço físico e sim material humano. Não temos
profissionais, pois o governo não quer valorizar o médico. Assim, muitos se
recusam a trabalhar para ganhar pouco em meio ao caos que se encontra a saúde
do DF. Muitos preferem tirar seus plantões em clinicas particulares a trabalhar
com o GDF”, disse um médico que não quis se identificar. Ele ainda relatou que
já presenciou vários amigos abdicarem dos cargos por não ter condições de
trabalho. “Olha, quando chegamos para trabalhar em determinadas unidades
hospitalares aqui do DF, nos deparamos com a precariedade, principalmente na
falta de material, que vão de luvas descartável à medicamentos. Não tem
condições de receitarmos apenas ‘dipirona’”, relatou.
Nos
últimos quatro anos, a precariedade atingiu pontos alarmantes, que familiares
de pacientes chegaram a comprar material para procedimentos e medicamentos a
fim de iniciar e/ou continuar o tratamento de alguns pacientes internado na
rede pública de saúde. “Há alguns dias atrás tive que comprar seringas e sondas
para o meu pai, porque no hospital onde ele está internado não tinha”, relatou
Maria de Fátima de Almeida, moradora de Santa Maria.
Recentemente
emissoras de televisão relataram da falta de lençóis na rede pública de saúde,
informando que esses estariam sendo “furtados” por pacientes. De imediato o governo culpou acompanhantes de
pacientes pelo sumiço dos lençóis. Todavia, não é o fato de terem sido furtados
por pacientes ou acompanhantes e sim a reposição que não está sendo feita. “A
obrigação do governo é repor o que faltou para que os demais pacientes não sejam
prejudicados. Depois eles vão atrás e responsabilizam quem de direito. O que
não pode é parar o atendimento porque um ou dois lençóis foram roubados. Isso é
um absurdo”, informou a dona de casa Marlene da Conceição Tavares.
Outro
grande problema também encontrado na saúde, é o fato de alguns conselhos de
saúde, bem como lideranças locais se fazerem de omissas e não se incomodar com
a situação. Em Santa Maria, somente este ano, nas duas reuniões programadas
para discutir o assunto, tinha mais pessoas na mesa de autoridades do que
lideranças para fazer suas cobranças e propor soluções. “Infelizmente temos uma
tradição de só reclamar quando somos prejudicados. Enquanto o problema não for
meu, não tenho nada a ver com ele”. Disse o prefeito comunitário da cidade Alan
de Brito ao se referir a algumas pessoas que se dizem lideranças da cidade.
Alan ainda explicou que se a população não se mobilizar para mostrar o problema toda vez que autoridades vir até a cidade, a situação tende a piorar. “Na hora que temos para cobrar não aparece ninguém, daí eles (autoridades governamentais) entendem que está tudo bem, ou seja, se não tem reclamação não tem problema. Temos que acordar para essa realidade, pois os únicos prejudicados somos nós”, explicou.
Fonte - Agência Satélite
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