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ENTORNO – Descaso transforma bairros de Valparaíso em caos

A falta de investimentos já ultrapassa mais de uma gestão e até agora a Prefeitura de Valparaíso de Goiás, em dois anos e três meses de governo, não consegue fazer manutenção de vários bairros. Anhanguera está à beira do colapso.

Texto e fotos: Amarildo Castro

Cenário nem de longe lembra uma cidade que poderia ser modelo para o Entorno. Distante pouco mais de 30 quilômetros do Plano Piloto, em Brasília, a cidade de Valparaíso de Goiás tem um dos maiores orçamentos da Região Metropolitana. São cerca de R$ 700 milhões ao ano para pagar os servidores e fazer os investimentos necessários.
Mas a falta de repasse da verba de participação do município feita pelo Governo de Goiás, aliada a uma gestão que até agora se mostrou incapaz de resolver os problemas mais simples da comunidade, como operação tapa-buracos e implantação de redes de águas pluviais transformaram bairros inteiros em descaso para a comunidade, com asfalto em péssimas condições, alagamentos constantes, além de muito mato durante maior parte do ano. Dezenas de ruas sequer asfalto tem.
Apesar do histórico de falta de investimentos, a situação ficou mais complicada com a chegada, a partir de 2008, de vários condomínios incentivados pelo programa do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”. Centenas de novas famílias foram atraídas por moradia barata e promessas de melhorias na infraestrutura. Ainda na gestão de Lêda Borges (PSDB), garantias de novos investimentos foram feitas e mesmo com a derrota da ex-prefeita, a esperança renascia com a vitória de Lucimar Nascimento (PT) em 2012.
Passados mais de três anos da nova gestão, o desânimo da população já pode ser visto e comprovado nas ruas. No último mês, duas equipes de reportagem percorreram o bairro Jardim Céu Azul e Complexo de Chácaras Anhanguera, onde a demanda por serviços básicos cresceu após instalação de novas famílias.
Com o aumento das chuvas e a ausência do Executivo para fazer a manutenção, ruas foram transformadas em armadilhas para motoristas, com quantidade incontável de buracos, pedras no meio das avenidas e muita lama.

Jardim Céu Azul

Na entrada do Jardim Céu Azul, bairro que sofre com outros tantos problemas, entre os quais a falta de manutenção no único complexo esportivo da região, moradores usam até pneus velhos para tentar alertar motoristas sobre o risco dos buracos. Até os veículos mais altos e maiores, no caso dos ônibus encontram dificuldades para seguir caminho. No Céu Azul, dona Maria Rosa afirma que o descaso é completo. “A gente sabe o nome da prefeita, meu filho, mas a gente nunca viu ela aqui nessa região e a prova é isso aí que você está vendo nas ruas”, disse a aposentada em tom de revolta. Ela mora na Rua 72, da quadra 116.
Um pouco mais abaixo, descendo pela “Rua da Anapolina”, a situação piora bastante. No bairro Anhanguera B, Francisco Matias, morador da Quadra 41 costuma levar os netos à escola e fala sobre seu descontentamento com a situação. “A gente vê acidente aqui com frequência por causa dos buracos, alguma coisa precisa ser feita, porque o povo já não aguenta mais”, afirma.
Moradora da Quadra 19, Renata Pereira de Souza relata que deixou o Recando das Emas para fugir do aluguel diz que ficou arrependida. “Aqui no Bom Retiro a situação é grave, na minha rua nos últimos dias, nem carro passa mais porque, com a chuva, vieram várias crateras e boa parte dos locais ficou intransitável”, afirma.
Mesma linha de reclamação segue a moradora do Condomínio Atlas 10, Cléia de Oliveira Lira. “A gente precisa conviver com coisas muito ruins. Tem muito lixo, ratos, e, claro, buracos que não acabam mais. A gente sofre muito com isso e não sabe quando vai acabar”, afirma.
A situação do bairro Anhanguera preocupa até quem acaba de chegar. Um dos responsáveis pela implantação do Supermercado Ideal, Paulo Henrique Alves, afirma que está irritado com a situação. “Vamos ter que tomar a iniciativa para tapar os buracos atrás de nosso empreendimento porque não vamos conseguir descarregar os caminhões”, relatou.

Quadra abandonada

Além dos buracos no asfalto e da falta de obras para captação das águas pluviais, a população enfrenta outros problemas. Durante visita ao Complexo Anhanguera, moradores reclamaram da falta de investimentos também no esporte. Uma quadra poliesportiva próxima à Rua 34 do mesmo bairro está completamente abandonada, com piso, traves e telhado destruídos. “É uma falta de respeito muito grande com a população, pois isso aqui é a nossa única forma de diversão”, afirma o morador Raimundo Pereira Neto de Souza.
Um e-mail foi enviado para a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Valparaíso de Goiás, mas, como vem fazendo nos últimos dias, o órgão não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. Antes, porém, a prefeita Lucimar Nascimento afirmou que aguarda desde 2013 a liberação de R$ 116 milhões do Governo Federal para investir na região.
Durante a passagem da equipe de reportagem pelo setor, foi vista uma equipe de trabalhadores limpando algumas ruas com tratores e máquinas costais.
Diante dos vários problemas encontrados, a prefeita Lucimar Nascimento (PT), falou sobre os buracos que tomam conta da cidade. Veja a integra da nota da chefe do Executivo:
“Estamos enfrentando neste momento o grave problema dos buracos em vários bairros da cidade, principalmente por causa da chuva, que estraga o asfalto muito rapidamente! Além disso, temos uma cidade com uma das maiores Densidade Demográfica do País, isto significa que temos uma grande quantidade de veículos circulando permanentemente nas ruas. Outro grave problema é a “água servida” que a população joga constantemente nas ruas, o que estraga o asfalto também de forma muito rápida! Para completar, temos uma cidade quase toda impermeabilizada e pouca rede de drenagem pluvial, tudo isso resulta nos constantes estragos do asfalto de nossas ruas! Peço compreensão e paciência de toda nossa população, em breve iniciaremos obras de tapa buracos, as quais irá amenizar o problema!! O que resolve mesmo é o que estamos fazendo em toda a região do Marajó/Santa Rita, uma verdadeira transformação, convido a todos para visitar e ver de perto! É também o que vamos fazer no Bairro Anhanguera, pois já garantimos os recursos necessários/parceria da Prefeitura, Caixa Econômica e Ministério das Cidades! Me coloco à disposição de toda nossa população para esclarecer dúvidas, sempre com muito diálogo!”, finalizou.
De acordo com o administrador de condomínios Ronaldo (...), a situação na cidade só está piorando nos últimos anos. “Nada de concreto é feito e nenhum projeto benéfico para a comunidade foi elaborado. O que vemos e ouvimos é que o caos está instalado na cidade e o pouco de recursos estruturais que dispomos, estamos vendo ir ralo abaixo”, disse. Outro problema constatado por Ronaldo é a falta de compromisso do legislativo com a cidade. “Infelizmente há uma falta de compromisso de parte do legislativo em criar mecanismos para solucionar os problemas da cidade, não consigo enxergar nada de concreto que o Executivo e o Legislativo estejam elaborando afim de combater a crescente crise que se instalou em Valparaiso. O pior de tudo é que estamos em ano eleitoral e mesmo assim a população não recebeu qualquer benefício a não ser promessas infundadas para o próximo pleito, do tipo – quando eu estiver lá tudo vai mudar...”, relatou.
As únicas benfeitorias realizadas até o momento foram em algumas vias dos condomínios da MRV e Góis, aonde a empresa Humana, que administra esses concretaram buracos existentes no asfalto e assim, amenizou o sofrimento daquela população.
“Fizemos um paliativo nas vias de acesso, pois entendemos que se não fizéssemos algo emergencial, com toda certeza as vias ficariam intransitáveis, pois se fossemos esperar pelo poder público a solução não sairia do papel e o maior prejudicado seriam aquelas comunidades que já possuem problemas demais e não merecem mais uma preocupação”, enfatizou Ronaldo.
Devido ao crescimento desordenado da população de Valparaiso de Goiás e o não investimento nos serviços públicos por parte do governo local, Ronaldo acredita que a situação no município tende a piorar, chegando ao ponto de ficar impossível a manutenção dos serviços, tendo que haver um reinicio dos trabalhos. “Chegando nessa situação, o caos estará instalado e não haverá recursos suficientes para manter o município. É um absurdo o que estão fazendo, nos últimos anos, com Valparaiso. Estamos vivendo uma crise sem dimensão aonde todos os setores estão comprometidos. Saúde, educação, segurança e infraestrutura são os principais. Do jeito que estão caminhando as coisas, vai ficar impossível morar no Valparaiso. Ou eles (executivo e legislativo) tomam uma providência urgente ou o desastre é certo”, finalizou.



Fonte - Agencia Satélite



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