Centro de pesquisa demitiu 33 funcionários após Polícia Civil desarticular Máfia dos Concursos. Órgão anunciou investimentos em tecnologias para reforçar segurança em certames.
Por G1 DF
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Fachada do Cebraspe, no campus da Asa Norte da Universidade de Brasília (Foto: Google/Reprodução) |
O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), que atua no Distrito Federal, informou que demitiu 33 funcionários "por precaução" após o início das investigações da Polícia Civil que culminaram na desarticulação da Máfia dos Concursos.
O centro afirmou, ainda, que vai passar a contar com delegados aposentados da Polícia Federal para acompanhar o processo de digitalização dos materiais dos concursos realizados. Também será implementada nova tecnologia de identificação dos cadernos de resposta e um sistema de mineração de dados. Até câmeras de segurança de visão norturna foram adquiridas (entenda mudanças abaixo).
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Polícia faz operação contra fraudes em concursos públicos e no Enem |
Quanto às demissões, o Cebraspe esclareceu que os funcionários atuavam nas áreas de digitalização e organização de material e foram destituídos dos cargos como estratégia preventiva de segurança. "Não há indícios apontados pela Polícia Civil de Goiás nem pela do Distrito Federal de participação de outros ex-funcionários em qualquer ilegalidade."
Um ex-funcionário do centro que cuidava da digitalização das provas e das folhas de respostas é apontado como um dos líderes do grupo criminoso especializado em fraudar provas de concursos públicos – tanto de universidades, quanto de órgãos da administração pública.
Ele foi demitido em março, assim que foi intimado a depor em Goiânia. Foi aí que, segundo a polícia, o esquema começou a ser desvendado. Em função do cargo que ocupava no então Cespe, o funcionário conseguia preencher novos gabaritos e aprovar quem tivesse pagado propina por uma vaga em medicina na Universidade de Brasília (UnB), por exemplo.
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Carro de operações especiais da Polícia Civil do DF em frente ao Cebraspe, um dos alvos da operação Panoptes (Foto: Bianca Marinho/G1) |
O valor pago pelos clientes variava entre R$ 5 mil e R$ 20 mil somente de entrada. Ainda de acordo com os investigadores, só em 2016, esse funcionário teria movimentado mais de R$ 1 milhão em recebimento de propina de interessados em passar em vestibulares e concursos.
Quanto às investigações, o Cebraspe infromou que "colocou-se à inteira disposição, cooperando com absolutamente tudo que as autoridades policiais requereram".
Segurança reforçada
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Candidatos procuram nome em lista de aprovados no vestibular da Universidade de Brasília (UnB) (Foto: UnB Agência/Divulgação) |
Para aprimorar o sistema de fiscalização e controle da aplicação de provas e correção de gabaritos dos concursos mediados pelo Cebraspe, o centro informou que também passa a contar com coronéis da reserva da Polícia Militar na Coordenação de Segurança, escolhidos "pela experiência no comando de operações especiais e em inteligência".
Outra medida adotada é um método de identificação do caderno de respostas dos candidatos. O novo formato de código de barras, desenvolvido pelo próprio Cebraspe, é reconhecido exclusivamente por aparelhos de leitura do centro. Esta será a única forma de associação do candidato ao gabarito e deve ser implementada, segundo o órgão, a partir dos "próximos eventos".
Também foi comprado um sistema de gerenciamento de governança, gestão de riscos e de conformidade, o RSA Archer GRC Platform. Segundo o Cebraspe, esta mesma tecnologia foi usada na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Com o sistema, será possível controlar a impressão e o transporte de provas e o acesso de candidatos a esse material. O RSA também dispara um alerta caso haja alguma alteração no cartão de respostas dos candidatos.
A banca é tradicionamente reconhecida por aplicar o vestibular da UnB, bem como os concursos para defensor público, Ministério Público da União, Tribunal de Contas da União e polícias Civil e Militar.
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Mulheres observam lista de aprovados no vestibular da Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Natália Valarini/Cesbraspe/Divulgação) |
O centro informou que já está aplicando um sistema de data mining (mineração de dados), que identifica padrões de comportamento e desempenho dos candidatos. Com o sistema é possível identificar, por exemplo, um médico prestando vestibular para medicina. "Evidente que não cabe ao Cebraspe promover investigações, mas o mecanismo de data mining pode criar subsídios e provas úteis em caso de investigação."
Para reforçar a segurança interna no prédio do Cebraspe, o centro anunciou a compra de 150 novas câmeras de monitoramento, incluindo algumas com visão noturna. Contando com as que já estão instaladas, serão 350 câmeras em atividade 24 horas por dia.
Fonte - G1/Distrito Federal
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