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Mortos famosos atraem 'peregrinos' ao cemitério de Brasília; visitantes podem pedir mapas a funcionários

Campo da Esperança abriga corpos de Sarah Kubitschek, Dulcina de Moraes e Ana Lídia Braga. Preço do jazigo perpétuo chega a R$ 2,9 mil; valor supera metro quadrado de áreas nobres do DF.

Por Raquel Morais, G1 DF

Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
A falta de estátuas e de mausoléus imponentes não impede que as ruas do Campo da Esperança, na área central de Brasília, sejam percorridas também por curiosos no Dia dos Finados. O cemitério é a última morada de personalidades da capital do país, como a ex-primeira-dama Sarah Kubitschek e a atriz Dulcina de Moraes. Além disso, atrai "peregrinos" que acreditam que algumas dessas pessoas podem fazer milagres, como a menina Ana Lídia Braga.

Mapa geral do cemitério Campo da Esperança na Asa Sul, em Brasília (Foto: Reprodução)

A administração afirma não ter dados do número de visitantes, já que a entrada é livre, mas elenca 13 como as sepulturas mais visitadas (veja lista abaixo). Para guiar os interessados em conhecê-las, funcionários entregam mapas. Não há um roteiro oficial para quem deseja fazer um "passeio" turístico pelo local.

Praça dos Pioneiros, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

Entrar no Campo da Esperança é como chegar em outra cidade: de formato circular, o cemitério é extenso – por isso, oferece neste feriado transporte público gratuito para quem quiser se deslocar dentro das dependências. Há ruas tanto com e sem asfalto. Ao todo, são 173 mil túmulos.
Placa indica quadra 413 no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
O espaço é separado em setores e quadras, e a “ocupação” segue ordem cronológica. Apenas israelitas e muçulmanos têm área reservada – para ser enterrado nestes setores, é preciso ter uma autorização emitida pelas respectivas comunidades.

Sepulturas no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
As sepulturas podem tanto ser compradas pela família quanto arrendadas por período determinado, e os “proprietários” devem pagar taxa mensal de administração. O preço do jazigo com cessão perpétua chega a R$ 2.975,72.


Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
O valor é mais alto do que o metro quadrado de alguns imóveis na cidade. Pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi) em outubro deste ano aponta que o preço supera o de condomínios nos lagos Norte e Sul; casas em Ceilândia, Gama, Guará, Paranoá, Riacho Fundo, Samambaia, Sobradinho e Taguatinga; e lojas em Vicente Pires e Núcleo Bandeirante.

Mortos 'notáveis'

Sepultura do engenheiro agrônomo Bernardo Sayão, na ala dos pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Bernardo Sayão Carvalho Araújo

Engenheiro agrônomo e político, Bernardo Sayão Carvalho Araújo é um dos pioneiros da cidade. Foi encarregado pelo presidente Juscelino Kubitschek de construir o trecho norte da Transbrasiliana (Belém-Brasília). Morreu em janeiro de 1959, quando acompanhava pessoalmente as obras – nos trabalhos de abertura da mata, uma árvore foi derrubada de forma equivocada e atingiu o barracão em que ele estava.

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Juscelino Kubitschek de Oliveira

Embora tenha uma lápide no Campo da Esperança, o corpo do ex-presidente está atualmente no Memorial JK. Durante seu mandato, de 1956 a 1961, Juscelino lançou o Plano de Metas – que tinha como lema “Cinquenta anos em cinco” – e foi responsável por uma das maiores obras do século XX, a construção de Brasília.

Lápide do fundador de Brasília, presidente Juscelino Kubitschek, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília; corpo do político está em memorial (Foto: Raquel Morais/G1)

Sepultura da ex-primeira-dama Sarah Kubitschek, na ala dos pioneiros, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
Sepultura da jornalista e política Márcia Kubitschek, na ala dos pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Márcia Kubitschek

Filha do casal Juscelino Kubitschek e Sarah Kubitschek, foi jornalista e política. Márcia foi eleita deputada federal pelo DF em 1986 e chegou a ser vice-governadora, em 1990, na primeira eleição direta para o governo local.

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Ana Lídia Braga

A menina tinha 7 anos quando foi sequestrada do colégio. A perícia apontou que ela foi torturada, asfixiada e estuprada. O corpo foi encontrado no dia seguinte, em um terreno da Universidade de Brasília (UnB). Ela estava nua, com marcas de cigarro e com os cabelos mal cortados. Os suspeitos do crime são o irmão – que, junto à namorada, teria vendido a garota a traficantes – e filhos de políticos. O crime aconteceu durante a ditadura. Passados 44 anos, ninguém foi punido.

Sepultura de Ana Lídia Braga, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
A sepultura dela é uma das mais visitadas. “Pessoas deixam brinquedos no lugar, que são recolhidos e doados para instituições carentes”, informou o Campo da Esperança.

Detalhes na sepultura de Ana Lídia Braga, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
Detalhe de brinquedos na sepultura de Ana Lídia Braga, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
Detalhes de presentes em sepultura de Ana Lídia Braga, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Dulcina Myssem de Moraes

Dulcina de Moraes foi uma atriz de teatro brasileira – a estreia dela ocorreu com um mês de vida, no lugar de uma boneca que ocupava um berço em uma peça. Ela criou a Fundação Brasileira de Teatro, FBT, depois transformada na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. É filha de Conchita de Moraes. O nome dela é uma homenagem a avó materna, Dulcina de Los Rios Vallina, que também era atriz.

Sepultura da atriz Dulcina de Moraes, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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João Cláudio Cardoso Leal

Estudante de publicidade, João Cláudio Cardoso Leal morreu aos 20 anos depois de ser espancado por um grupo de rapazes quando deixava uma boate na Asa Sul. Ele estava no local para comemorar o aniversário de um colega e teria paquerado com uma garota que caminhava à sua frente sem perceber que ela estava acompanhada. O jovem não resistiu aos ferimentos e chegou morto ao hospital.

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Marco Antônio de Velasco e Pontes

Foi morto aos 16 anos por uma gangue que se intitulava "Falange Satânica da 405 Norte". Ele estava com dois amigos na quadra em que morava quando viu dez rapazes se aproximando. Os colegas conseguiram fugir, mas Marco Antônio caiu. Em dois minutos, o garoto foi massacrado a golpes de artes marciais. Ele teve traumatismo craniano, baço rompido, braços e costelas quebrados. Morreu na madrugada do dia seguinte, dez horas após ser internado.

Sepultura do jornalista Mário Eugênio, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Mário Eugênio Rafael de Oliveira

Conhecido como o "Gogó das Sete", era jornalista especializado em cobertura policial. Morreu no fim da ditadura militar, após denunciar a existência de um esquadrão da morte em Brasília do qual participariam policiais civis e militares.

Sepultura de Maria Cláudia Siqueira Del'Isola, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Maria Cláudia de Siqueira Del’Isola

Maria Cláudia tinha 19 anos e estudava psicologia e pedagogia quando foi assassinada. O homem trabalhava como caseiro na casa da família dela, no Lago Sul, foi acusado de estuprar, estrangular, esfaquear e esconder o corpo da jovem debaixo da escada. Ele teria agido junto com a então companheira, Adriana de Jesus, que atuava como empregada doméstica.


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Jorge Cauhy Júnior

Foi um dos primeiros comerciantes a fixar residência no Núcleo Bandeirante e criou o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, a Casa da Sopa. Foi deputado distrital.

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Rafael Ferrante Perez

Filho caçula da novelista Glória Perez, ele morreu aos 25 anos por causa de problemas de infecção após uma cirurgia. O rapaz tinha síndrome de Down e morava com a avó.

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Edilson Cid Varela

Fundou um dos principais jornais da cidade, o “Correio Braziliense”. Ele desembarcou em Brasília em 1959, a pedido de Assis Chateaubriand – criador do grupo Diários Associados –, para fundar o jornal e instalar a “TV Brasília”. Os dois veículos de comunicação foram inaugurados com Brasília, em 21 de abril de 1960.

Sepultura do senador Lauro Campos, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

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Lauro Campos

Crítico da política neoliberal e do Fundo Monetário Internacional, foi eleito senador pelo DF para o período de 1995 a 2003. Ele infartou no plenário do Senado no dia 10 de outubro de 2002 e foi levado às pressas para o hospital. Os remédios comprometeram as funções renais e hepáticas e o levaram a outras internações. Foi transferido para o Incor e ganhou alta na véspera do Natal, mas não chegou a ir para casa. Uma febre levantou a suspeita de infecção e obrigou-o a permanecer internado. A partir daí, o estado de saúde piorou. Ele permaneceu em coma induzido por vários dias até morrer.

Cemitério Campo da Esperança, em Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)

História

Durante as obras da construção de Brasília, em 1957, morreu o primeiro candango, em uma briga de rua. Só então as autoridades se deram conta de que ninguém havia pensado na urgência da construção de um cemitério. A falta desse espaço foi notícia em diversos jornais à época, e os corpos precisavam ser levados para Luziânia (GO).

Em resposta às críticas, Israel Pinheiro anunciou a construção do Campo da Esperança e ressaltou que os mortos seriam enterrados na grama, com lápides simples, no modelo norte-americano: cemitério parque. A área escolhida seguiu indicação do urbanista Lucio Costa: a 916 Sul. Lendas da cidade apontam que o local guarda a cova de uma escrava alforriada e benzedeira que fazia milagres. Ela teria morrido de hanseníase.

A inauguração do cemitério ocorreu em janeiro de 1959. Para a ocasião, chegou do Pará o corpo de Bernardo Sayão, pioneiro que ajudou a construir a cidade.


Fonte - G1/Distrito Federal

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