Irmão tentou defender a vítima
e foi esfaqueado. Suspeito acabou agredido por populares e preso, em Santa
Maria
Uma
mulher foi assassinada na QR 217 de Santa Maria, na tarde desta
quinta-feira (14/11/2019). De acordo com informações da Polícia Militar, a
manicure Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos, foi morta pelo ex-marido,
Francisco Dias Borges, 37, no meio da rua.
O
irmão dela teria tentado impedir o crime e também acabou ferido. Vizinhos
agrediram o suspeito, que acabou preso. A investigação está sendo conduzida
pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria). É o 29º feminicídio registrado
neste ano no Distrito Federal. O acusado do crime utilizou uma arma branca,
ainda de acordo com a PM.
Necivania
conduzia a sua moto, uma Honda Bis, com o filho de 8 anos, momento em que foi
abordada por Francisco. Ele chutou o veículo e derrubou a mulher. Depois, a
esfaqueou no peito, embaixo do braço esquerdo e do direito. O casal havia se
separado há uma semana. O suspeito, segundo testemunhas, sempre batia na
vítima.
Necivânia
tinha quatro filhos com idade entre cinco e 19 anos. Apenas a caçula era do
relacionamento com Francisco.
Ex-companheiro de Necivânia é
autuado por feminicídio
Francisco
Dias Borges, 34 anos, foi autuado em flagrante pelo feminicídio qualificado
de Messiânica, 37 anos, e a tentativa de homicídio qualificado de Adailton
Eugênio de Caldas, 40 anos, irmão da vítima. A manicure e estudante de
enfermagem é ex-companheira do assassino. Os ataques a facadas ocorreram no
início da tarde desta quinta-feira (14/11/2019), na QR 217 de Santa Maria.
As
informações são da 20ª Delegacia de Polícia (Gama), para onde
Francisco seguiu. De acordo com o delegado Rodney Martins Farias, ele pode
pegar até 60 anos de prisão, mas o tempo pode diminuir em função de redutores
de pena. Francisco tem passagem por tentativa de roubo em 2005.
De
acordo com o delegado, o irmão de Necivânia passa bem e já está em casa, depois
de ser atendido no Hospital Regional de Santa Maria. Em depoimento,
Adailton contou que a irmã procurou a polícia na manhã desta quinta, mas não
deu detalhes se conseguiu fazer a ocorrência contra o ex-companheiro.
SEPARAÇÃO
Os
dois estavam separados há uma semana. Amigos e familiares contaram ao Metrópoles que
a vítima havia buscado proteção, pois Francisco estaria fazendo ameaças e
rondando a casa.
O
agressor chegou bem machucado à 20ª DP. Segundo o delegado, o acusado se
recusou a assinar o flagrante. Entretanto, o documento foi validado por
policiais militares responsáveis pela prisão. “Ele teria confessado na hora da
prisão”, contou o delegado. Francisco deve ser levado para o Departamento de
Polícia Especializada na manhã desta sexta-feira (15/11/2019).
Além
de Adailton, o pai de Necivânia, Manoel Eugênio, e o filho de 8 anos dela
presenciaram a cena. “Não faz isso com ela! Não faz isso com ela!”, gritou o
pai, enquanto a filha era esfaqueada pelo ex-companheiro, preso em flagrante.
Necivânia era conhecida por ser o pilar da família, disseram amigos e parentes.
Além
de estudar, cuidava dos cinco filhos, de outros familiares e mantinha as contas
em dia. Ela fazia enfermagem e, segundo amigos, começaria a trabalhar no Hospital
Regional de Santa Maria em breve. Vânia, como era conhecida, tinha quatro
filhos: uma menina de 5 anos — a única com Francisco — e três meninos, de 8, 17
e 19 anos.
O
CRIME
O
irmão da vítima, Adailton Eugênio de Caldas, também foi ferido ao tentar
impedir o crime. Ele foi socorrido pelos Bombeiros ao Hospital de Santa Maria.
Segundo a família, o homem já tinha ameaçado a ex na semana passada. O filho
viu o momento em que a mãe foi assassinada a facadas e saiu gritando por
socorro. “Corre tia, corre! Francisco está matando a minha mãe”, disse.
O
suspeito estaria esperando a vítima na quadra, ainda de acordo com testemunhas.
Necivânia tinha ido cortar o cabelo do menino e estava voltando, quando foi
atacada.
Pai
viu a filha ser morta: “Não faz isso com ela”
Não
foi apenas o filho de 8 anos que viu a morte de Necivânia Eugênio de
Caldas, 37, na tarde desta quinta-feira (14/11/2019), na QR 217 de Santa Maria.
O pai da manicure e estudante de enfermagem, Manoel Eugênio, também presenciou
quando Francisco Dias Borges a atacou, no 29º caso de feminicídio no
Distrito Federal neste ano.
“Não
faz isso com ela! Não faz isso com ela!”, gritou Manoel (na foto em destaque,
com a mão no peito), enquanto a filha era esfaqueada pelo ex-companheiro, preso
em flagrante. Segundo amigos da família, o pai fez um desabafo emocionado em
casa.
“Francisco
acabou com tudo! Perdi o chão. Ele tirou a minha menina. Ele acabou com tudo!”,
lamentou. Necivânia era o pilar da família, disseram amigos e parentes. Além de
estudar, cuidava dos cinco filhos, de outros familiares e mantinha as contas em
dia. Ela fazia enfermagem e, de acordo amigos, começaria a trabalhar no Hospital
Regional de Santa Maria em breve.
Batalhadora
Amiga
de infância da estudante e manicure, a microempreendedora Amanda Guedes de
Sousa, 25 anos, contou que Vânia, como era conhecida, se destacava como uma
mulher batalhadora e dedicada à família. Segundo a colega, vivia um belo
momento, depois da separação de Francisco.
De
acordo com a amiga e vizinhos, estava prestes a começar estágio em enfermagem
no Hospital Regional de Santa Maria. “Ela estava muito feliz. O pai pagava os estudos.
Ele amava muito a filha”, comentou.
Alegre,
Vânia gostava de beber uma cerveja gelada com as amigas nos momentos de
descontração. “Sem excessos”, lembra Amanda. E sempre ao som de música
sertaneja, o estilo favorito da vítima. Vânia tinha quatro filhos: uma menina
de 5 anos – a única com Francisco – e três meninos, de 8, 17 e 19 anos.
COVARDIA
A
cada 10 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no Distrito Federal. A maioria
dos algozes têm histórico criminoso, são presos e, quando são soltos, matam as
vítimas. De 1º janeiro a 7 de novembro, foram registrados 28 casos, número
equivalente a todo o ano passado. Entre eles, 67,8% dos autores já tinham
passagens por delegacias, segundo dados inéditos da Polícia Civil do DF (PCDF),
obtidos pelo Metrópoles. Sete já haviam sido detidos pela Lei
Maria da Penha e 12 por outros delitos.
Ainda
de acordo com o último levantamento feito pela PCDF, dos 28 assassinatos, os
responsáveis foram indiciados em 23 ocorrências. Duas investigações seguem sem
conclusão e três homens tiraram a própria vida após o crime. O índice de 93%
dos inquéritos finalizados se deve, em boa parte, ao protocolo especial aberto
pela polícia.
Neste
2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade
às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as
vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos
por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas
e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida
dessas mulheres.
O
Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da
violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre
as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde
1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e
ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia
será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da
gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de
interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.
Fonte - Metropoles
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