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Lula pede de novo para apanhar, e é o que vai acontecer

A História nem sempre se repete


Vinícius Schmidt/Metrópoles

Difícil que Lula ignorasse que seria muito criticado quando disse, à época de candidato e depois de ter sido eleito, que os Estados Unidos e a Europa alimentavam com apoio político e armas a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ao invés de pará-la.

Aqui foi muito criticado por seus opositores e pela direita dita civilizada, que tapou o nariz e nele votou só para evitar o pior – a reeleição de Bolsonaro. Lá fora, as críticas foram mais brandas, mas não deixaram de ser feitas.

Difícil que ele ignorasse que voltaria a apanhar por sua postura simpática ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. Bolsonaro bateu muito em Maduro para, por tabela, atingir Lula, mas no fundo admirava o venezuelano.

Ah, se como Maduro, ele, Bolsonaro, pudesse se eternizar no poder… Maduro é apoiado pelos militares, Bolsonaro também era; e Maduro controla o Congresso e o Judiciário, algo que Bolsonaro, por mais que tentasse, não conseguiu.

Difícil que, mesmo em um discurso de improviso, Lula não soubesse que comparar o massacre dos judeus pela Alemanha nazista com o massacre dos palestinos pelo governo israelense provocaria um turbilhão de ataques, tendo-o como alvo.

Lula não errou na sua fala sobre a guerra na Ucrânia. Indiretamente, o papa Francisco deu-lhe razão ao sugerir que, à beira da derrota, a Ucrânia faça um acordo com a Rússia para evitar que seu povo continue morrendo.

Lula não errou ao censurar o comportamento de Israel em Gaza. Taxou o grupo Hamas de terrorista, mas apontou o extermínio dos palestinos, um povo à espera de terras desde que as suas foram tomadas para a fundação de Israel.

Enfim, os líderes dos Estados Unidos e da Europa abriram os olhos para o holocausto dos palestinos. Sim, holocausto, porque a palavra, escrita em latim, foi usada pela primeira vez por um monge no século XII para designar grandes massacres.

E por séculos continuou a ser usada. Só a partir de 1960 o termo passou a ser empregado para designar apenas o massacre dos judeus. A minissérie de televisão Holocausto ajudou a popularizar o termo após 1978.

Quantos milhões de russos não foram mortos a mando do ditador Josef Stalin, que governou a União Soviética de meados de 1920 até sua morte, em março de 1953? E quantos chineses não foram mortos sob a ditadura de Mao Tsé-Tung?

Lula pediu outra vez para apanhar ao dizer, ontem, em entrevista ao jornal do SBT (Sílvio Brincando de fazer Televisão), que não se preocupa com a polarização política no Brasil e que pretende tirar vantagem dela:

“Eu não me preocupo porque o Brasil foi polarizado entre PSDB e PT durante muito tempo. Foi assim em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006. Agora, o Brasil está polarizado entre duas pessoas. Não são nem dois partidos, porque o meu existe e o partido deles não existe. É uma legenda eleitoral. A polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para que a gente possa criar maioria e governar o Brasil”.

Os neutros não devem ter gostado do que ouviram – tratados como massa de manobra. Os que votaram em Lula para se livrar de Bolsonaro não devem ter gostado. Será Lula partidário do “falem mal, mas falem de mim”?

Às vezes funciona, às vezes não. E Lula, como ele mesmo reconhece, não está no seu melhor momento. A sua, e a aprovação do governo, está em queda, mesmo no Nordeste, mesmo entre as mulheres, suportes de sua vitória em 2022.

Há exatos 20 anos, o Lula 1 estava sendo sufocado por uma avalanche de críticas porque o desemprego crescia e havia estourado o escândalo de corrupção envolvendo um ex-assessor de José Dirceu, chefe da Casa Civil da Presidência.

No ano seguinte, veio à tona o escândalo do Mensalão do PT – a compra de votos no Congresso para aprovar projetos do governo. Então, deu-se Lula como derrotado em 2016. Ele se reelegeu com folga. Mas a História nem sempre se repete.

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