Opositor passou 1 mês escondido na Embaixada da Holanda e embarcou para Madri num avião da Força Aérea Espanhola. Ele tinha ordem de prisão decretada pela Justiça, que é subordinada a Maduro. O governo venezuelano até agora não divulgou as atas das urnas. Para a oposição, González foi o vencedor.
Por g1
Líder opositor venezuelano Edmundo González vota nas eleições presidenciais em Caracas, em 28 de julho de 2024 — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
O candidato opositor Edmundo González chegou à Espanha após ter seu pedido de asilo aceito pelo país europeu, segundo sua aliada, a líder opositora María Corina Machado.
A aeronave da Força Aérea espanhola pousou neste domingo (8) na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, noas arredores de Madri.
Edmundo González, candidato da oposição que concorreu contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nas eleições de julho, deixou Caracas no sábado (7) rumo à Espanha após solicitar asilo político. González era alvo de um mandado de prisão solicitado pelo Ministério Público e aceito pela Justiça venezuelana.
A informação da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, foi confirmada pelo Ministério dos Relações Exteriores do país europeu na madrugada deste domingo (8). Rodríguez disse que o regime chavista concedeu salvo-conduto a González.
De acordo com o site de notícias Bloomberg, González passou mais de um mês refugiado na Embaixada da Holanda em Caracas, após as eleições de 28 de julho, antes de se dirigir à representação diplomática espanhola.
María Corina Machado justificou o asilo político de González dizendo que, na Venezuela, "sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações judiciais, ordens de apreensão e até as tentativas de chantagem e do coação de que ele foi objeto demonstram que o regima [chavista] não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão de silenciá-lo".
"Ante essa brutal realidade, é necessário para a nossa causa preservar sua liberdade, sua integridade e sua vida", afirma Machado.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, González embarcou em um voo da Força Aérea espanhola. Segundo a agência Reuters, Albares afirmou pela rede social X que "o governo da Espanha está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos."
Edmundo González chega à Espanha após deixar Venezuela
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse que González deixou o país com o aval do governo venezuelano. Segundo ela, "após os contatos entre os dois governos e o cumprimento dos trâmites legais, a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários para garantir a tranquilidade e a paz política no país."
Rodríguez destacou que "essa ação reafirma o respeito à lei que tem prevalecido nas medidas adotadas pela República Bolivariana."
De acordo com a vice-presidente, o candidato estava "havia vários dias" refugiado na embaixada da Espanha em Caracas, capital da Venezuela, e havia solicitado asilo político por ser alvo de um mandado de prisão. Em 2 de setembro, a Justiça venezuelana acatou um pedido do Ministério Público e emitiu a ordem de prisão contra González.
Eleições na Venezuela
Edmundo González foi o candidato da oposição na eleição presidencial. O grupo garante que ele venceu o pleito com ampla vantagem com base nas atas impressas pelas urnas eletrônicas. No entanto, as autoridades eleitorais anunciaram Nicolás Maduro como presidente reeleito.
A oposição publicou cerca de 80% das atas eleitorais em um site, o que comprovaria a vitória de González. A ONU apontou que os documentos são verdadeiros. Por outro lado, o Ministério Público disse que as atas são falsas e pediu a prisão de González.
Temendo ser preso pelo regime Maduro, González estava escondido há mais de um mês e era considerado foragido. Em uma carta enviada ao Ministério Público ele afirmou que não ia se apresentar, pois considera que o processo contra ele não tem fundamento legal.
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Investigação contra González
Edmundo González é investigado na pelo regime de Maduro por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa.
Segundo o MP do país, que é apontado como um braço do chavismo pela ONU e outras entidades, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento. O órgão é aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas.
O procurador-geral Tarek Saab afirmou que as intimações tinham como objetivo colher o depoimento de González sobre a publicação de atas impressas das urnas eleitorais em um site.
María Corina Machado também está sendo investigada pelo Ministério Público. Na quinta-feira (5) ela se responsabilizou pela publicação das atas eleitorais em um site.
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