Declarações da ministra soam como tentativa de blindar Alexandre de Moraes diante de críticas internacionais
Da Redação
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu de forma dura à publicação do subsecretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, que, sem citar nomes, acusou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de “usurpar poder” para intimidar líderes dos outros Poderes — referência clara a Alexandre de Moraes.
Nas redes sociais, Gleisi classificou a fala como “gravíssima ofensa ao Brasil”, numa defesa imediata do magistrado. Para críticos, no entanto, a postura da ministra reforça a imagem de um governo mais preocupado em blindar figuras do STF do que em debater seriamente as denúncias internacionais sobre autoritarismo judicial.
Landau, que é o número dois da diplomacia norte-americana, destacou que a concentração de poder em um único ministro é incompatível com o Estado de Direito, além de ter prejudicado a relação histórica entre Brasil e EUA. O diplomata apontou que Moraes ameaçou líderes do Executivo e Legislativo — e até familiares — com prisão ou outras penalidades, além de tentar aplicar a lei brasileira de forma extraterritorial para silenciar indivíduos e empresas em solo americano.
Em resposta, Gleisi mirou em Donald Trump e na família Bolsonaro, acusando-os de “destruir a relação histórica” entre os dois países e de estimular tarifas e “chantagem contra o Judiciário brasileiro”. A ministra também repetiu a narrativa de que Executivo, Legislativo e Judiciário “rechaçaram” o que chama de golpe de 8 de janeiro, minimizando a gravidade das denúncias feitas por Washington.
Nos EUA, a fala de Landau foi vista como um posicionamento firme em defesa da separação de poderes e da liberdade de expressão — princípios basilares da democracia. Já no Brasil, a reação do governo Lula, por meio de Gleisi, soou como mais um episódio de hostilidade diplomática gratuita, preferindo atacar o mensageiro em vez de discutir a mensagem.
Enquanto o governo brasileiro insiste em rebater críticas externas com retórica política, a pressão internacional sobre Moraes cresce. Para observadores, o episódio expõe não só o desgaste da imagem do Brasil no cenário global, mas também a disposição do Planalto em ignorar alertas que, em outras democracias, seriam tratados com seriedade.