Da Redação
A recente revelação de que o Banco do Brasil não cancelou os cartões de crédito internacionais do ministro Alexandre de Moraes, mesmo após ele ter sido alvo da Lei Magnitsky pelo governo Trump, escancara o descaso das instituições brasileiras diante de uma medida internacionalmente reconhecida. A situação reforça críticas à leniência do Governo Federal, à omissão do Banco do Brasil e ao corporativismo que impera no Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora o BB seja responsável pela folha de pagamento dos magistrados, dirigentes admitiram que não houve bloqueio de cartões de crédito ligados ao ministro. O que se sabe é que um cartão Mastercard foi efetivamente bloqueado, mas por outra instituição financeira, e Moraes recebeu rapidamente uma alternativa: um cartão da bandeira Elo, criada e regulamentada no Brasil.
O problema é que, pelo próprio regulamento da Elo, está expressamente proibida a manutenção de relações comerciais com clientes que estejam sob sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ou outros organismos internacionais. Ou seja, o oferecimento do cartão a Moraes afronta diretamente as regras da própria empresa — e demonstra que, quando se trata de autoridades poderosas, as normas parecem ser maleáveis.
Críticos veem o episódio como mais uma prova de que Moraes, o STF e o Governo Federal operam em uma lógica de autoproteção e blindagem. Enquanto cidadãos comuns enfrentam restrições severas quando sofrem bloqueios ou têm seus bens contestados judicialmente, ministros da Suprema Corte seguem com privilégios intactos, sem qualquer consequência prática.
“É um claro exemplo de dois pesos e duas medidas: quando o cidadão comum é alvo de sanções, sofre todos os rigores. Já quando se trata de um ministro do STF, as próprias instituições brasileiras tratam de contornar a situação, garantindo que nada o afete de fato”, afirmou um analista ouvido pela reportagem.
A postura do Banco do Brasil e o silêncio oficial da Elo, do Governo Federal e do próprio STF diante do episódio deixam transparecer um ambiente de cumplicidade e falta de respeito às normas internacionais. A Lei Magnitsky, aplicada pelo governo norte-americano em situações de graves violações de direitos humanos e corrupção, perde seu efeito no Brasil, onde a submissão a interesses políticos se sobrepõe ao cumprimento da lei.
Enquanto isso, Moraes segue em silêncio, blindado por suas funções e pela proteção institucional que, mais uma vez, ignora regras e reforça o distanciamento entre a realidade enfrentada pela população e os privilégios concedidos aos donos do poder.