Por Celso Alonso - Agência Satélite
O Supremo Tribunal Federal (STF), antes visto como guardião da Constituição, hoje se vê afundado em uma crise de credibilidade sem precedentes. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (5), 36% dos brasileiros reprovam o desempenho da Corte, enquanto apenas 29% ainda aprovam. Outros 31% classificam a atuação como “regular” — número que também caiu em comparação ao último levantamento.
A reprovação subiu oito pontos percentuais desde março de 2024, demonstrando o crescimento do descontentamento popular com a conduta dos ministros. É a primeira vez, desde o início da atual composição, que a rejeição supera com folga a aprovação. A percepção de que o STF atua de forma politizada e parcial, principalmente em decisões envolvendo opositores do governo Lula, tem gerado inquietação na sociedade e levantado alertas no exterior sobre o risco à estabilidade democrática no Brasil.
Veja os números da pesquisa:
- Ótimo/bom: 29% (mesmo índice da pesquisa anterior);
- Regular: 31% (queda de 9 pontos, eram 40%);
- Ruim/péssimo: 36% (subida expressiva — eram 28%);
- Não sabem: 4%.
Realizada nos dias 29 e 30 de julho, a pesquisa ouviu 2.004 pessoas, com margem de erro de dois pontos percentuais. Importante destacar que o levantamento foi feito antes da polêmica decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar prisão domiciliar e tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro — medida que gerou forte reação popular e pode ampliar ainda mais a rejeição à Corte.
Especialistas, juristas independentes e lideranças internacionais já demonstraram preocupação com a atuação do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes, cuja postura tem sido vista como autoritária, com decisões monocráticas e uso do Judiciário como instrumento de repressão política. A prisão domiciliar de Bolsonaro, sem condenação definitiva, foi mais um episódio que expôs ao mundo o abuso de poder judicial no Brasil.
A Corte, que deveria zelar pelo equilíbrio institucional, passou a atuar como protagonista político, interferindo no Legislativo, intimidando adversários e se afastando cada vez mais da imparcialidade esperada de um tribunal supremo.
A escalada autoritária do STF não passou despercebida lá fora. O jornal norte-americano The Hill, um dos mais respeitados veículos de política nos EUA, publicou recentemente um editorial afirmando que Donald Trump estava certo ao denunciar violações de liberdades no Brasil, citando ações da Justiça brasileira como exemplo de ativismo judicial extremo.
Analistas internacionais e veículos da Europa também já apontaram que o Supremo brasileiro atravessa uma crise institucional que compromete a imagem democrática do país.
Nas ruas e nas redes sociais, cresce o movimento de rejeição às ações do STF. A confiança na Corte se dissolve à medida que se tornam frequentes as decisões controversas, os inquéritos sigilosos e a perseguição a vozes conservadoras. A tentativa de calar o ex-presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado um tiro no pé: não apenas fortalece sua imagem como vítima de perseguição, como também aprofunda o abismo entre o Judiciário e a população brasileira.
Com a reprovação em alta e a credibilidade em queda livre, o STF — que deveria ser o último bastião da justiça — hoje se vê cada vez mais distante do povo que diz representar.
